Se você quiser
conhecer o Brasil, através da antropologia social escrita a partir dos anos
sessenta até hoje, vai ficar boiando mais que os coliformes fecais na baía da
Guanabara pré-olímpica. Isto porque os cientistas sociais (há exceções,
poucas!), doutores saídos da fábrica USP e outras, escrevem seus livros e teses
com um olho em Marx e outro nos cadáveres ambulantes de motos-vivos da América
Latina, como Fidel, Chaves e sabe-se lá quem mais. Sim, o Lula, um ladrãozinho
pé-de-chinelo, é incensado como grande líder.
Capa do Livro |
“Para a
formidável tarefa de colonizar uma extensão como o Brasil, teve Portugal de
valer-se no século XVI do resto de homens que lhe deixara a aventura da Índia.
E não seria com esse sobejo de gente, quase toda miúda, em grande parte plebéia
e, além do mais, moçárabe, isto é, com a consciência de raça ainda mais fraca
que nos portugueses fidalgos ou nos do Norte, que se estabeleceria na América
um domínio português exclusivamente branco ou rigorosamente europeu. A
transigência com o elemento nativo se impunha à política colonial portuguesa:
as circunstâncias facilitaram-na. A luxúria dos indivíduos, soltos sem família,
no meio da indiada nua, vinha servir a poderosas razões de Estado no sentido de
rápido povoamento mestiço da nova terra. E o certo é que sobre a mulher gentia
fundou-se e desenvolveu-se através dos séculos XVI e XVII o grosso da sociedade
colonial, num largo e profundo mestiçamento, que a interferência dos padres da
Companhia salvou de resolver-se todo em libertinagem para em grande parte
regularizar-se em casamento cristão” (Gilberto Freyre in Casa Grande e Senzala).
Por isso, nossa
dica de hoje é a leitura desta obra máxima do conhecimento da nossa história,
como se desenha na Casa Grande e Senzala, ainda hoje presente no nosso meio,
usando disfarces, a gente dos palácios (inclusive da esquerda) e a gente do
meio da rua, a gente debaixo de pontes e viadutos, os desvalidos que perambulam
pelas grandes cidades drogados e embrutecidos, num país do terceiro mundo, com
governos ditos socialistas, mas na verdade populistas e corruptos. Seus governantes
são os da Casa Grande. Nosotros somos os da Senzala, aplaudindo os senhores que
nos roubam e nos escravizam.
Raimundo
Fontenele
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