Sartre e Simone Beauvoir |
Por Natan Castro
O casal Sartre e Simone Beauvoir formou
durante muitos anos no século passado uma espécie de casal 20 do meio intelectual.
Sartre o grande nome do existencialismo e Simone Beauvoir uma escritora de
renome internacional. Ambos eram franceses e mantiveram durante anos uma relação estável, mas nunca tiveram
filhos. A união vista por um viés mais simbólico, sempre existiu a luz de uma
liberdade que abrangia os dois lados da relação, tanto no campo teórico quanto
no prático. Ambos são reconhecidos como artífices da liberdade, Sartre pelo engajamento
em causas politico-sociais revolucionárias que ultrapassava o campo das ideias
e aconteciam na prática do dia a dia. Simone Beauvoir a escritora brilhante,
musa do feminismo, suas ideias a respeito não só podem ser vistas em obras,
como também puderam ser disseminadas através de palestras sobre o assunto ao
redor do mundo.
Sartre, Simone e Fidel Castro |
Logo quando a união se tornou pública o casal
de intelectuais em uma atitude corajosa e um tanto quanto além de seu tempo,
deixou bem claro que aquela união se tratava de um relacionamento aberto. Nada mais
novo para aqueles tempos que eram de guerras, segregação racial, luta de
classes e coisas afins. O que Sartre e Simone deixavam bem claro era que o relacionamento
entre os dois, era baseado num movimento de liberdade recíproca, ou seja, os
dois lados estavam liberados para relações extraconjugais a qualquer tempo,
desde que os mesmos estivessem sempre a par do que estava sempre acontecendo. Além
de admirá-los pela coragem estética de suas ideias no campo social e político,
o mundo civilizado passou a admirar aquele casal pela audácia conjugal
propagada por eles. Na concepção do casal do que adiantava os dois terem como
meta existencial a luta pela liberdade como forma de formular um mundo mais igualitário?
Se no âmbito do relacionamento eles estariam acorrentados às tradições antiquadas
que tanto combatiam.
Ativistas Feministas |
São famosos os casos extraconjugais
envolvendo os dois intelectuais. Mas não há dúvidas que os mais famosos foram o
de Sartre com a radialista americana Dolores Vanetti e do lado de Simone sua
relação com o escritor também americano Nelson Algren.
Dolores Vanetti |
Em 1945 Sartre viajou aos EUA como enviado do
jornal Le Fígaro e Combat, lá conhece a jovem Dolores Vanetti, de pronto nasce
uma ardente paixão, logo depois é obrigado a retornar a Paris retomando suas
atividades entre escritos, livros, artigos, mas isso tudo não o faz esquecer
Dolores e em seguida volta ao EUA para os braços da jovem. Dessa vez passa
cerca de três meses com Dolores em meio a vida literária de Nova York, e adia o
seu retorno, em suas correspondências com Simone nesses meses fica bastante
claro que Sartre reluta em viajar para Paris.
Mas é o que acontece, Simone percebe que é visível o interesse do filósofo
por Dolores “Ao seu retorno dos EUA ele fala muito de Dolores. Eles tinham projetos
de passar três ou quatro meses por ano juntos. As separações não me assustavam,
mas ele evocava com tanta alegria as semanas passadas em N.Y que eu ficava
inquieta. Eu me perguntava se ele não estaria mais apaixonada por ela do que
por mim.” Sabe-se que os encontros continuaram por mais tempo, em 1949
numa viagem com Dolores a America Central após se dá conta do quanto essa
paixão estava ficando fora do seu controle, propõe a Dolores um afastamento com
a relação se resumindo a apenas alguns encontros em um apartamento bancado por
ele, mas Dolores Vanetti recusa.
Nelson Algren e Simone Beauvoir |
Também em 1949 muito abatida pela profunda
relação em que Sartre tinha se
envolvido, Simone Beauvoir viaja para os EUA para participar de conferências
divulgando seus livros, e em Chicago conhece o escritor Nelson Algren (O homem do braço de ouro), logo surge
uma paixão tórrida entre os dois, Nelson era o escritor boêmio, profundo
conhecedor da vida marginal de Chicago, inclusive os personagens de maior parte
de suas obras vinham dessa vivência que o escritor possuiu perambulando pelos
prostíbulos, bares e mesas de jogos. Simone Beauvoir adentra o mundo de Nelson
e encontra nele a mesma verve intelectual de Sartre, porém com um tempero mais
rasteiro e viril, de um literato que transitava com facilidade entre o submundo
e os salões literários. Nas correspondências entre os dois percebemos a perfeita
entrega da escritora perante os movimentos sedutores de Nelson Algren, o
escritor pediu Simone Beauvoir em casamento, e não teve resposta, a escritora
viveu o resto de seus dias com um anel de prata que ganhou de presente do
escritor. A critica literária observou depois a influencia do amante na obra
prima O Segundo Sexo, onde Simone discorre sobre seus ideais feministas. Segundo
a própria Simone no período em que conheceu Nelson Algren estava a 13 anos sem
relações sexuais com Sartre, ainda nos detalhes sexuais que envolveram a
relação é famosa a afirmação por parte da escritora que Nelson tinha levado ela
pela primeira vez ao orgasmo.
Depois do fim desses dois relacionamentos Sartre
e Simone perceberam o quanto era difícil manter as aparências diante da opinião
pública. Nos bastidores do relacionamento marcas indeléveis continuaram nos
dois lados até o final da vida, o casal de intelectuais mais influentes do
século XX estiveram juntos durante 54 anos, em 1980 Sartre morreu e seis anos
depois Simone Beauvoir, os dois estão enterrados lado a lado no cemitério de
Montparnasse em Paris.
Lista de amantes do casal |
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