28 de jan. de 2016

Sartre e Simone Beauvoir – Sexo, Mentiras e Existencialismo


Sartre e Simone Beauvoir
Por Natan Castro

O casal Sartre e Simone Beauvoir formou durante muitos anos no século passado uma espécie de casal 20 do meio intelectual. Sartre o grande nome do existencialismo e Simone Beauvoir uma escritora de renome internacional. Ambos eram franceses e mantiveram durante anos uma relação estável, mas nunca tiveram filhos. A união vista por um viés mais simbólico, sempre existiu a luz de uma liberdade que abrangia os dois lados da relação, tanto no campo teórico quanto no prático. Ambos são reconhecidos como artífices da liberdade, Sartre pelo engajamento em causas politico-sociais revolucionárias que ultrapassava o campo das ideias e aconteciam na prática do dia a dia. Simone Beauvoir a escritora brilhante, musa do feminismo, suas ideias a respeito não só podem ser vistas em obras, como também puderam ser disseminadas através de palestras sobre o assunto ao redor do mundo.

Sartre, Simone e Fidel Castro
Logo quando a união se tornou pública o casal de intelectuais em uma atitude corajosa e um tanto quanto além de seu tempo, deixou bem claro que aquela união se tratava de um relacionamento aberto. Nada mais novo para aqueles tempos que eram de guerras, segregação racial, luta de classes e coisas afins. O que Sartre e Simone deixavam bem claro era que o relacionamento entre os dois, era baseado num movimento de liberdade recíproca, ou seja, os dois lados estavam liberados para relações extraconjugais a qualquer tempo, desde que os mesmos estivessem sempre a par do que estava sempre acontecendo. Além de admirá-los pela coragem estética de suas ideias no campo social e político, o mundo civilizado passou a admirar aquele casal pela audácia conjugal propagada por eles. Na concepção do casal do que adiantava os dois terem como meta existencial a luta pela liberdade como forma de formular um mundo mais igualitário? Se no âmbito do relacionamento eles estariam acorrentados às tradições antiquadas que tanto combatiam.

Ativistas Feministas
São famosos os casos extraconjugais envolvendo os dois intelectuais. Mas não há dúvidas que os mais famosos foram o de Sartre com a radialista americana Dolores Vanetti e do lado de Simone sua relação com o escritor também americano Nelson Algren.

Dolores Vanetti



Em 1945 Sartre viajou aos EUA como enviado do jornal Le Fígaro e Combat, lá conhece a jovem Dolores Vanetti, de pronto nasce uma ardente paixão, logo depois é obrigado a retornar a Paris retomando suas atividades entre escritos, livros, artigos, mas isso tudo não o faz esquecer Dolores e em seguida volta ao EUA para os braços da jovem. Dessa vez passa cerca de três meses com Dolores em meio a vida literária de Nova York, e adia o seu retorno, em suas correspondências com Simone nesses meses fica bastante claro que Sartre reluta em viajar para Paris.  Mas é o que acontece, Simone percebe que é visível o interesse do filósofo por Dolores  “Ao seu retorno dos EUA ele fala muito de Dolores. Eles tinham projetos de passar três ou quatro meses por ano juntos. As separações não me assustavam, mas ele evocava com tanta alegria as semanas passadas em N.Y que eu ficava inquieta. Eu me perguntava se ele não estaria mais apaixonada por ela do que por mim.” Sabe-se que os encontros continuaram por mais tempo, em 1949 numa viagem com Dolores a America Central após se dá conta do quanto essa paixão estava ficando fora do seu controle, propõe a Dolores um afastamento com a relação se resumindo a apenas alguns encontros em um apartamento bancado por ele, mas Dolores Vanetti recusa.

Nelson Algren e Simone Beauvoir
Também em 1949 muito abatida pela profunda relação em  que Sartre tinha se envolvido, Simone Beauvoir viaja para os EUA para participar de conferências divulgando seus livros, e em Chicago conhece o escritor Nelson Algren (O homem do braço de ouro), logo surge uma paixão tórrida entre os dois, Nelson era o escritor boêmio, profundo conhecedor da vida marginal de Chicago, inclusive os personagens de maior parte de suas obras vinham dessa vivência que o escritor possuiu perambulando pelos prostíbulos, bares e mesas de jogos. Simone Beauvoir adentra o mundo de Nelson e encontra nele a mesma verve intelectual de Sartre, porém com um tempero mais rasteiro e viril, de um literato que transitava com facilidade entre o submundo e os salões literários. Nas correspondências entre os dois percebemos a perfeita entrega da escritora perante os movimentos sedutores de Nelson Algren, o escritor pediu Simone Beauvoir em casamento, e não teve resposta, a escritora viveu o resto de seus dias com um anel de prata que ganhou de presente do escritor. A critica literária observou depois a influencia do amante na obra prima O Segundo Sexo, onde Simone discorre sobre seus ideais feministas. Segundo a própria Simone no período em que conheceu Nelson Algren estava a 13 anos sem relações sexuais com Sartre, ainda nos detalhes sexuais que envolveram a relação é famosa a afirmação por parte da escritora que Nelson tinha levado ela pela primeira vez ao orgasmo.

Depois do fim desses dois relacionamentos Sartre e Simone perceberam o quanto era difícil manter as aparências diante da opinião pública. Nos bastidores do relacionamento marcas indeléveis continuaram nos dois lados até o final da vida, o casal de intelectuais mais influentes do século XX estiveram juntos durante 54 anos, em 1980 Sartre morreu e seis anos depois Simone Beauvoir, os dois estão enterrados lado a lado no cemitério de Montparnasse em Paris.

Lista de amantes do casal



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