Edgar
Allan Poe foi um dos primeiros críticos a reconhecer em seu rival no domínio
dos contos, NATHANIEL HAWTHORNE (1804-1864), um artista mais ainda do que um
moralista. A resenha que fez dos Twice Told Tales,, em 1842, ano da publicação da segunda série dessa
obra, contém talvez a melhor definição inicial da forma que deve assumir um
conto e coloca HAWTHORNE no plano do melhor cultor desse gênero artístico. O
conto em prosa, ao contrário da poesia, ele argumenta, busca a Verdade e não a
Beleza como sua meta final, mas deve ter uma unidade de efeito baseada num
estilo ou tom uniforme e em dimensões limitadas. HAWTHORNE segue esses e suas
histórias “fazem parte da mais elevada região da Arte – uma Arte a serviço de um
gênio da mais alta categoria”. Seu tom uniforme é o de uma prosa serena; ele
procura sempre, com coerência, a Verdade, mantém uma brevidade de relato
necessária e, sobretudo, demonstra possuir “inventividade, criação, imaginação,
originalidade – um traço que, na literatura de ficção, vale talvez mais do que
todos os outros”.
A opinião dos críticos que se
seguiram a Poe tem confirmado seu veredicto mas sem perder muito tempo na
discussão dos problemas da moralidade e da sentimentalidade. O material literário
de HAWTHORNE era constituído pela visão ética da vida de seus ancestrais
calvinistas, originários da Nova Inglaterra e suas histórias são, na maioria
das vezes, alegorias dotadas de uma moral final; contudo, a atitude do próprio
autor perante esse material é, de modo geral, a do artista por excelência:
destacada, crítica, cética. O tema central de quase todas as suas histórias é
não o pecado concebido como problema teológico, mas sim o efeito psicológico da
convicção do pecado no espírito dos primeiros colonizadores da América. À
semelhança de Poe, ele foi um explorador do âmago recôndito da alma humana e
utilizou sua arte com o intuito de revelar o dilema do destino humano, sem ter
a pretensão de tentar resolvê-lo.
(In
O CICLO DA LITERATURA NORTE-AMERICANA, de Robert E. Spiller)
Pesquisa
de Raimundo Fontenele, poeta maranhense
Oportuno texto de um oportuno site que fazia falta na Ilha.Acho que tenho esse livro Letra Escarlate, que nunca comecei a ler, como tantos já que coleciono livros. Saudações!
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