1 de jan. de 2016

OXENTE! A GENTE NÃO SAIU DO BRASIL IMPÉRIO? POR ISSO GONÇALVES DIAS ESTÁ AQUI



Gonçalves Dias (1823-1864) nasceu onze meses após a queda do Brasil-Colônia e o surgimento do Brasil-Império. E o período de 1823 a 1831 foi de grande efervescência política e cultural. Dom Pedro I, tremendamente autoritário, dissolve a Assembléia Constituinte e outorga uma Constituição, além de lutar pelo trono português contra seu irmão Miguel. Foi também acusado de mandar assassinar Libero Badaró, jornalista e político italiano radicado no Brasil, um combatente a favor da liberdade e contra a tirania e autoritarismo do imperador. No meio de tanta escaramuça, politicalha intestina, desaprovação dos políticos e com baixa popularidade não teve outra saída a não ser abdicar o trono imperial a favor de seu filho Dom Pedro II, uma criança ainda, e tivemos que conviver com um governo regencial.

(É a história se repetindo como farsa o que temos hoje no Brasil. De lambuja, tivemos até o assassinato de Celso Daniel para ficar tudo inserido no contexto. E Dilma e Lula querendo manter-se no Poder a todo custo).

Mas vamos lá para o Brasil Império. Foi então, por essa época, que surgiu nas letras brasileiras a escola literária conhecida como Romantismo, num ambiente confuso e inseguro politicamente. E este movimento vem carregado de lusofobia. Chega de luso, diziam, como dizemos agora chega de Lula. O movimento buscava sobretudo afirmar o nacionalismo, descobrir valores intrínsecos a nós mesmos. Descobrir um Brasil distante daqueles valores lusitanos, suas emoções e seus heróis e mitos que impregnavam a prosa e a poesia de Almeida Garret, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, por exemplo.

Nós tínhamos os nossos índios. Ali buscaríamos nossas raízes antropológicas, sociais, democráticas. José de Alencar com seus romances Iracema e O Guarani, e Gonçalves Dias com sua poesia: Canção do Tamoio, I-Juca Pirama, Canto do Piaga, O Canto do Guerreiro, Canto de Morte, Marabá e também seu Dicionário da Língua Tupi são fundadores entre nós desse Romantismo carregado de brasilidade, das cores, cheiros e sabores tropicais, fonte inesgotável de toda arte literária que lhes sucedeu. Além disso três são os traços marcantes e característicos desse movimento romântico: 1) o egocentrismo, também chamado de subjetivismo, ou individualismo. Evidencia a tendência romântica à pessoalidade e ao desligamento da sociedade. O artista volta-se para dentro de si mesmo, colocando-se como centro do universo poético. A primeira pessoa ("eu") ganha relevância nos poemas. 2) o nacionalismo: corresponde à valorização das particularidades locais. Opondo-se ao registro de ambiente árcade, que se pautava pela mesmice, vendo pastoralismo em todos os lugares, o Romantismo propõe um destaque da chamada "cor local", isto é, o conjunto de aspectos particulares de cada região. Esses aspectos envolvem componentes geográficos, históricos e culturais. Assim, a cultura popular ganha considerável espaço nas discussões intelectuais de elite. 3) a liberdade de expressão: é um dos pontos mais importantes da escola romântica. "Nem regra, nem modelos", afirma Victor Hugo, um dos mais destacados românticos franceses. Pretendendo explorar as dimensões variadas de seu próprio "eu", o artista se recusa a adaptar a expressão de suas emoções a um conjunto de regras pré-estabelecido. Da mesma forma, afasta-se de modelos artísticos consagrados, optando por uma busca incessante da originalidade. E aqui iniciamos o nosso trabalho de homenagear, mensalmente, por enquanto, um escritor maranhense. E acredito começarmos bem, pois Gonçalves Dias, pela sua obra que resistiu ao tempo, é um dos grandes nomes da literatura brasileira e universal, orgulho do Maranhão de ontem, de hoje e de sempre.
Texto e Pesquisa de Raimundo Fontenele, escritor e poeta maranhense

Um comentário:

  1. "A iniciativa é louvável e merece todo o apoio daqueles que (ainda!) se preocupam com a literatura de raiz, a verdadeira, ousada e criativa. O Estado do Maranhão sempre produziu grandes autores, sejam poetas, contistas, romancistas e de outros gêneros. No passado não muito distante, a Capital, São Luís, e não à toa, era conhecida por "Atenas brasileira". Parabéns a este site que já nasce sob o auspício de todos os deuses devotados à Beleza e às Artes!" (comentário do poeta gaúcho Carlos Soares

    ResponderExcluir