Gonçalves
Dias (1823-1864) nasceu onze meses após a queda do Brasil-Colônia e o
surgimento do Brasil-Império. E o período de 1823 a 1831 foi de grande efervescência
política e cultural. Dom Pedro I, tremendamente autoritário, dissolve a
Assembléia Constituinte e outorga uma Constituição, além de lutar pelo trono
português contra seu irmão Miguel. Foi também acusado de mandar assassinar
Libero Badaró, jornalista e político italiano radicado no Brasil, um combatente
a favor da liberdade e contra a tirania e autoritarismo do imperador. No meio
de tanta escaramuça, politicalha intestina, desaprovação dos políticos e com
baixa popularidade não teve outra saída a não ser abdicar o trono imperial a
favor de seu filho Dom Pedro II, uma criança ainda, e tivemos que conviver com
um governo regencial.
(É
a história se repetindo como farsa o que temos hoje no Brasil. De lambuja,
tivemos até o assassinato de Celso Daniel para ficar tudo inserido no contexto.
E Dilma e Lula querendo manter-se no Poder a todo custo).
Mas
vamos lá para o Brasil Império. Foi então, por essa época, que surgiu nas
letras brasileiras a escola literária conhecida como Romantismo, num ambiente
confuso e inseguro politicamente. E este movimento vem carregado de lusofobia.
Chega de luso, diziam, como dizemos agora chega de Lula. O movimento buscava
sobretudo afirmar o nacionalismo, descobrir valores intrínsecos a nós mesmos.
Descobrir um Brasil distante daqueles valores lusitanos, suas emoções e seus heróis
e mitos que impregnavam a prosa e a poesia de Almeida Garret, Alexandre
Herculano, Camilo Castelo Branco, por exemplo.
Nós
tínhamos os nossos índios. Ali buscaríamos nossas raízes antropológicas,
sociais, democráticas. José de Alencar com seus romances Iracema e O Guarani, e
Gonçalves Dias com sua poesia: Canção do Tamoio, I-Juca Pirama, Canto do Piaga,
O Canto do Guerreiro, Canto de Morte, Marabá e também seu Dicionário da Língua
Tupi são fundadores entre nós desse Romantismo carregado de brasilidade, das
cores, cheiros e sabores tropicais, fonte inesgotável de toda arte literária
que lhes sucedeu. Além disso três são os traços marcantes e característicos
desse movimento romântico: 1) o egocentrismo, também chamado de subjetivismo, ou
individualismo. Evidencia a tendência romântica à pessoalidade e ao
desligamento da sociedade. O artista volta-se para dentro de si mesmo,
colocando-se como centro do universo poético. A primeira pessoa
("eu") ganha relevância nos poemas. 2) o nacionalismo: corresponde
à valorização das particularidades locais. Opondo-se ao registro de ambiente
árcade, que se pautava pela mesmice, vendo pastoralismo em todos os lugares, o
Romantismo propõe um destaque da chamada "cor local", isto é, o
conjunto de aspectos particulares de cada região. Esses aspectos envolvem
componentes geográficos, históricos e culturais. Assim, a cultura popular ganha
considerável espaço nas discussões intelectuais de elite. 3) a liberdade de expressão: é um dos pontos mais importantes da
escola romântica. "Nem regra, nem modelos", afirma Victor Hugo, um
dos mais destacados românticos franceses. Pretendendo explorar as dimensões
variadas de seu próprio "eu", o artista se recusa a adaptar a
expressão de suas emoções a um conjunto de regras pré-estabelecido. Da mesma
forma, afasta-se de modelos artísticos consagrados, optando por uma busca
incessante da originalidade. E aqui iniciamos o nosso trabalho de homenagear,
mensalmente, por enquanto, um escritor maranhense. E acredito começarmos bem,
pois Gonçalves Dias, pela sua obra que resistiu ao tempo, é um dos grandes
nomes da literatura brasileira e universal, orgulho do Maranhão de ontem, de
hoje e de sempre.
Texto
e Pesquisa de Raimundo Fontenele, escritor e poeta maranhense
"A iniciativa é louvável e merece todo o apoio daqueles que (ainda!) se preocupam com a literatura de raiz, a verdadeira, ousada e criativa. O Estado do Maranhão sempre produziu grandes autores, sejam poetas, contistas, romancistas e de outros gêneros. No passado não muito distante, a Capital, São Luís, e não à toa, era conhecida por "Atenas brasileira". Parabéns a este site que já nasce sob o auspício de todos os deuses devotados à Beleza e às Artes!" (comentário do poeta gaúcho Carlos Soares
ResponderExcluir