Antonio Gonçalves Dias
nasceu num sitio a algumas léguas da vila de Caxias, em 14 de agosto de 1823.
Sete dias antes a vila tinha conseguido sua independência frente ao domínio
português. Seu pai era o comerciante José
Manuel Gonçalves Dias de origem portuguesa, lutou ao lado dos compatriotas
contra a independência de Caxias. Sua mãe Vicência
Ferreira era uma mestiça fruto da união de sangue branco, negro e indígena.
Ainda bem jovem o poeta viu seu pai se separar de sua mãe e casando-se com Adelaide Ramos de Almeida. Com a idade
de 15 anos o poeta viaja a Portugal a mando de seu pai para estudar, lá inicia
os estudos de Direito em Coimbra, nesse período conhece Alexandre Herculano
poeta fundamental do recém criado Romantismo de Portugal. Aos vinte anos ainda
em Portugal o poeta escreve Canção do
Exílio, considerado por muitos como um dos poemas mais importantes de toda
a poesia nacional. Após estudos no século XX observou-se a genialidade desse
poema de Gonçalves Dias, ao se perceber que em momento algum de seus versos o
poeta usa adjetivos, uma obra-prima.
Trechos do poema foi usado na letra do hino nacional “Nossos bosques têm
mais vida” / “Nossa vida” no teu seio “mais amores”.
Após a morte do pai os
negócios da família que eram tocados pelo seu progenitor foram fortemente
abalados, desta forma sua madrasta pedi ao poeta que ele retorne ao Maranhão,
pois já não vê condições financeiras de continuar pagando os estudos do poeta
em Portugal. Mas ele recusa-se a retornar indo morar com o Sr. João Duarte Lisboa Serra que sabendo da sua
situação lhe oferece moradia e continua os estudos com a ajuda dos amigos Alexandre
Teófilo de Carvalho Leal, Joaquim
Pereira Lapa e José
Hermenegildo Xavier de Morais. Em 1845 retorna ao Brasil com uma breve passagem pelo Maranhão, em meados
de 1846 transfere-se ao Rio de Janeiro, nesse mesmo ano escreve a peça de
teatro Leonor de Mendonça, mas é impedido
de montá-la por conta de a mesma possuir linguagem incorreta segundo o Conservatório
do Rio de Janeiro. De 1847 a 1851 produz segundo os críticos as melhores
páginas de sua obra, desse período temos os Primeiros
cantos, As sextilhas de Frei Antão
que representou uma resposta ao Conservatório do Rio de Janeiro por conta do
impedimento de Leonor de Mendonça, nas
sextilhas o poeta toma todos de surpresa por compor um texto utilizando todos
os períodos do português de até então, tamanho era o conhecimento que o poeta possuía
da língua portuguesa, um verdadeiro “ensaio filológico”. Em 1849 foi convidado
a lecionar história e latim no colégio Pedro II e fundou a revista Guanabara com Joaquim Manuel Macedo e
Porto Alegre finalizando a essa fase escreve os Últimos Cantos.
Gonçalves Dias e Ana Amélia
Em
1851 Gonçalves Dias viaja ao Maranhão com o intuito de descasar sua amada Ana
Amélia, o grande amor da sua vida, porém a família de sua musa de 14 anos não
fora de acordo com o casamento. O motivo seria a origem mestiça de Gonçalves
Dias, na sociedade maranhense da época tal informação era vista de forma
preconceituosa por muitas famílias. O desejo de Ana Amélia era fugir com o
poeta para o Rio de Janeiro, porém o poeta não foi a favor do desfecho, o motivo teria sido pelo
fato da amada ser prima de seu grande amigo Alexandre
Teófilo, Gonçalves Dias tinha pela família do amigo profundo respeito, pois
a mesma teria através de seu amigo custeado a parte final de seus estudos em
Portugal. Desta forma como represália Ana Amélia foge com um comerciante de
origem familiar muito parecida com a do poeta, ao saber é deserdada por sua
mãe, tempos depois a musa do poeta se separa e casa-se novamente. Gonçalves Dias
estraçalhado de dor retorna ao Rio de Janeiro e casa-se chegando a ter uma
filha que morre precocemente nos primeiros anos da infância. Anos depois em
passagem por Portugal o poeta reencontra seu grande amor Ana Amélia, porém ela
ainda muito magoada com o desfecho do romance, não aceita uma conversa com o
poeta, o que o leva a escrever um de seus mais belos poemas, um verdadeiro
clássico da primeira fase do Romantismo Brasileiro Ainda Uma Vez, Adeus.
De
1854 a 1863 o poeta inicia sua fase em cargos públicos dentre eles a Secretária
de Assuntos dos Negócios Estrangeiros passando por vários países da Europa em
missão oficial de estudos e pesquisa. Desse período são os primeiros cantos de Os Timbiras e o Dicionário da Língua Tupi, no retorno ao Brasil viajou pela
Amazônia e diversas regiões do norte e nordeste a serviço da Comissão
Cientifica de Exploração. Tempos depois retorna a Europa buscando tratamento
médico, onde conclui a tradução de A
noiva de Messina de Schiller. Em 10 de setembro de 1864 embarca para o
Brasil a bordo do navio Ville de Boulogne, o navio naufragou no Baixo dos Atins nas costas do Maranhão, o
restante da tripulação consegue se salvar, porém o poeta já bastante doente fica
preso no camarote da embarcação e morre aos 41 anos de idade.
Em
1904, Homenagem aos 40 anos de morte do poeta feita pelo escritor
Antonio Lobo
no palco do Arthur Azevedo.
Dizem os registros que por volta de 1904 em
homenagem aos 40 anos de falecimento do poeta, o ilustríssimo fundador da
Academia Maranhense de Letras Antonio Lobo, sobe no palco do Teatro Arthur
Azevedo no centro da capital Maranhense, teatro esse que se encontrava lotado
naquela ocasião e inicia a declamação magistral do poema Ainda Uma Vez,
Adeus, logo o teatro inteiro é tomado de uma forte comoção silenciosa
perante a interpretação do intelectual, de repente se ouve um choro soluçante
vindo de algum lugar dos camarotes, dizem que a mulher tomada por tanta emoção
seria agora a senhora Ana Amélia, que mesmo depois de tantos anos ainda sofria bastante
por conta daquele romance mal resolvido com o maior nome da poesia do Maranhão
e um dos maiores do Brasil.
Por Natan Castro (Editor)
Matou a pau, compadre. Bela edição da página, valorizada, e muito, pela declamação dos poemas, realmente os mais famosos da sua criação mais romântica.
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