O
papel dos intelectuais, hoje, é entenderem o Brasil. Porque a maioria dos
“fazedores de cabeça” dos jovens escolares viram e aprenderam o Brasil sob a
lupa marxista, ou leninista, ou gramsciana. Daí a necessidade destes senhores
voltarem ao ABC da nossa antropologia e sociologia política e social para
descobrirem que no mundo não existe só o vermelho. Existe o verde e o amarelo.
O azul e o marrom. O lilás e o preto. O branco e o rosa... Cores, senhores,
novas, velhas, estas e outras cores.
Por
exemplo: Gilberto Freire e o seu Casa Grande e Senzala não pode sair de moda. Defendia
a mistura, feliz mistura de raças, credos e cores. Tem que ser livro de cabeceira
destes doutores empedernidos. Ah, mas Gilberto era reacionário, quem sabe
deitava-se com a mucama negra. Os infelizes não sabem o que Marx fazia na vida
doméstica?
O escritor
Sérgio Buarque de Hollanda, da árvore genealógica do nosso compositor Chico
Buarque, outrora combatente feroz da Ditadura Militar e hoje Garoto Propaganda
do Governo mais Corrupto que esta nação já teve, escreveu o seu Raízes do
Brasil, de onde se extraiu a lógica do homem cordial. O brasileiro é tão
bonzinho. Convive em harmonia tão semelhante com seu dessemelhante. Mas a
garotada que quer dar pitaco de que o Brasil isso o Brasil aquilo tem que
conhecer o livro e as ideias. Até pra parar de falar besteiras nas redes
sociais.
Outro
importante manual do conhecimento histórico é Formação do Brasil Colonial dos
professores Arno Wehling e Maria José C. de Wehling, um vigoroso “estudo dos
processos pelos quais três grandes grupos étnicos, cada qual com seu universo-tempo
particular e diferentes estruturas sociais, políticas, econômicas e mentais,
interagiram num novo território ainda a conquistar”.
E, por
fim, como ler não causa dor de cabeça nem disenteria mental em ninguém,
apresentamos este que é o mais humorístico e um dos mais profundos trabalhos no
campo da sociologia e antropologia política e social, e que, de certa forma,
explica por outra vertente o Macunaíma, de Mário de Andrade. O herói sem nenhum
caráter. O cara, no caso, o brasileiro, que endossa a lei de Gérson “temos que
levar vantagem em tudo, certo?”. Esse mito do jeitinho brasileiro que pretende
enganar a todos enganando a si mesmo. Tem uma vaga pra deficiente ali no
estacionamento do supermercado desocupada? Eu vou e pimba!, coloco o meu carrão
ali. E se vier o guarda, ou alguém, eu saco esta: “você sabe com quem está
falando?” Esse é o livro: Carnavais, Malandros e Heróis (para uma sociologia do
dilema brasileiro). E, seu autor, é o Roberto Damatta. Talvez a solução do
dilema brasileiro fosse todo mundo criar um pouco de vergonha na cara.
Inclusive, a Esquerda que se acha pura, limpa, perfeita, e parasse de roubar um
pouco o dinheiro do Tesouro e o sonho do Brasileiro.
Nas
próximas quartas feiras voltarei esmiuçando livro a livro, tese a tese, autor
por autor, à esquerda e à direita.
Pesquisa
e texto de Raimundo Fontenele, poeta e escritor maranhense
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