Por Natan Castro
No Estado do Maranhão os ditos entes culturais
(leia-se pessoas responsáveis pelos trabalhos de difusão e fomento da
cultura no Estado), possuem uma incrível capacidade de desrespeitar e
desmerecer nossos artistas. O descaso é histórico, ao longo do tempo tivemos um
verdadeiro êxodo artístico em direção a centros mais respeitosos culturalmente.
Muitos desses dos mais diversos gêneros estão espalhados pelo Brasil, alguns
inclusive em outros países. Ser reconhecido fora e desconhecido em sua terra
natal, é citado por muitos deles como algo repugnante e inadmissível.
Segundo muitos esse desconhecimento se dá pelo
fato de uma grande parcela do público maranhense não demonstrar interesse algum
nesses artistas. Tal constatação é errônea, pois fica a cargo das pastas
culturais do estado e das prefeituras pesquisar, organizar e promover os
trabalhos desses artistas no âmbito municipal e estadual. A divulgação nos
meios de comunicação entra como elo entre os artistas e o público. No Maranhão
sempre foi visível o uso da arte e cultura como mero advento politico-eleitoreiro,
ou seja, artigo de ocasião.
Dentre aqueles que por aqui resolveram ficar,
coube a incrível luta contra um público obsequioso e uma Secretaria de Cultura medíocre
em suas atividades. Isso não é de agora, já vem se repetindo por diversas
gestões. Nos últimos anos começamos a verificar um esboço de certo respeito a
alguns desses artistas, tudo isso por conta do trabalho sensacional de outro
maranhense, que inclusive deixou o estado há alguns anos. Ciente desse profundo
descaso, o cantor e compositor Zeca Baleiro nos últimos anos vem realizando o
resgate de artistas da velha guarda da música do Maranhão.
Os dois primeiros foram o Sr. Antonio Vieira e
Lopes Bogéa, dois grandes nomes de décadas passadas, o resgate propiciou o
lançamento de dois CD´s tendo suas músicas sendo interpretadas por grandes
nomes da música brasileira inclusive. Junto do lançamento do CD no caso do Sr.
Antonio Veira, houve shows tanto em São Luís como em São Paulo homenageando
merecidamente o artista. No caso de Lopes Bogéa infelizmente o artista morreu no
período da gravação do disco. Vale aqui lembrar que por mais importância que
esses compositores tenham para a música do Maranhão, jamais tinham tido a
possibilidade gravar um disco próprio, por isso nossos merecidos agradecimentos
para a figura de Zeca Baleiro. Mais recentemente foi lançado por ele o primeiro
CD da grande sambista do bairro da Vila Embratel, nossa Patativa, somente aos
77 anos a musa do nosso samba conseguiu a proeza de ser reconhecida, o disco
que foi lançado pelo selo Sarava de Zeca Baleiro, que promete lançar também
logo em seguida um segundo disco com músicas autorais e participação especiais
de intérpretes de peso, ainda como forma de divulgação da sambista, terão shows
no sul em março de 2016, além de um show já confirmado na Austrália.
Antonio Vieira, Patativa e Lopes Bogéa |
Dois desses três grandes nomes da nossa
música, já se foram, muito também pela idade avançada. Hoje uma pergunta fica
no ar, até quando vamos reconhecer nossos pares musicais somente no final de
suas trajetórias? Até quando vamos necessitar dos ditos “primos famosos” para
conhecer de forma responsável nossos grandes talentos musicais?
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