11 de fev. de 2016

Antonio Vieira, Lopes Bogéa e Patativa – Boa música e descaso cultural no Estado do Maranhão



Por Natan Castro

No Estado do Maranhão os ditos entes culturais ­­­­ (leia-se pessoas responsáveis pelos trabalhos de difusão e fomento da cultura no Estado), possuem uma incrível capacidade de desrespeitar e desmerecer nossos artistas. O descaso é histórico, ao longo do tempo tivemos um verdadeiro êxodo artístico em direção a centros mais respeitosos culturalmente. Muitos desses dos mais diversos gêneros estão espalhados pelo Brasil, alguns inclusive em outros países. Ser reconhecido fora e desconhecido em sua terra natal, é citado por muitos deles como algo repugnante e inadmissível.

Segundo muitos esse desconhecimento se dá pelo fato de uma grande parcela do público maranhense não demonstrar interesse algum nesses artistas. Tal constatação é errônea, pois fica a cargo das pastas culturais do estado e das prefeituras pesquisar, organizar e promover os trabalhos desses artistas no âmbito municipal e estadual. A divulgação nos meios de comunicação entra como elo entre os artistas e o público. No Maranhão sempre foi visível o uso da arte e cultura como mero advento politico-eleitoreiro, ou seja, artigo de ocasião.

Dentre aqueles que por aqui resolveram ficar, coube a incrível luta contra um público obsequioso e uma Secretaria de Cultura medíocre em suas atividades. Isso não é de agora, já vem se repetindo por diversas gestões. Nos últimos anos começamos a verificar um esboço de certo respeito a alguns desses artistas, tudo isso por conta do trabalho sensacional de outro maranhense, que inclusive deixou o estado há alguns anos. Ciente desse profundo descaso, o cantor e compositor Zeca Baleiro nos últimos anos vem realizando o resgate de artistas da velha guarda da música do Maranhão.

Os dois primeiros foram o Sr. Antonio Vieira e Lopes Bogéa, dois grandes nomes de décadas passadas, o resgate propiciou o lançamento de dois CD´s tendo suas músicas sendo interpretadas por grandes nomes da música brasileira inclusive. Junto do lançamento do CD no caso do Sr. Antonio Veira, houve shows tanto em São Luís como em São Paulo homenageando merecidamente o artista. No caso de Lopes Bogéa infelizmente o artista morreu no período da gravação do disco. Vale aqui lembrar que por mais importância que esses compositores tenham para a música do Maranhão, jamais tinham tido a possibilidade gravar um disco próprio, por isso nossos merecidos agradecimentos para a figura de Zeca Baleiro. Mais recentemente foi lançado por ele o primeiro CD da grande sambista do bairro da Vila Embratel, nossa Patativa, somente aos 77 anos a musa do nosso samba conseguiu a proeza de ser reconhecida, o disco que foi lançado pelo selo Sarava de Zeca Baleiro, que promete lançar também logo em seguida um segundo disco com músicas autorais e participação especiais de intérpretes de peso, ainda como forma de divulgação da sambista, terão shows no sul em março de 2016, além de um show já confirmado na Austrália.

Antonio Vieira, Patativa e Lopes Bogéa


Dois desses três grandes nomes da nossa música, já se foram, muito também pela idade avançada. Hoje uma pergunta fica no ar, até quando vamos reconhecer nossos pares musicais somente no final de suas trajetórias? Até quando vamos necessitar dos ditos “primos famosos” para conhecer de forma responsável nossos grandes talentos musicais? 





Nenhum comentário:

Postar um comentário