O
Ontem e o Hoje
Conhecer
o Brasil de ontem nos ajuda a entendermos e explicarmos o Brasil de hoje. Tem
muito cabeça de bagre palpitando por aí, marcando cruzinhas como nos exames
escolares de uma pátria que não mais educa, acerca da situação política e
econômica em que nos encontramos. Acham estas bestas quadradas que o mundo
começa nos anos sessenta, quando tentaram implantar a tal república
sindicalista, o que vieram a conseguir nos anos dois mil com a chegada ao trono
de um reizinho nu. Este Lula da Silva que, durante algum tempo, posou de
estadista e que agora, enterrado até o pescoço em escândalos financeiros,
falcatruas domésticas e processos a dar com o pau, não passa de um indivíduo
que usou a boa fé de seus conterrâneos pobres e miseráveis para assaltar o
erário público.
O
professor, historiador, sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, na sua obra
capital Raízes do Brasil, esclarece
esta estratégia petista, via MST, de querer deixar tudo como está, ou regredir
ao passado das carroças (Porto Alegre ainda hoje luta para exterminá-las da
paisagem urbana e central) e de uma agricultura feita à base da enxada, da
foice e do martelo. Mudar pra deixar tudo no mesmo lugar. Vejamos o que diz o
escritor em seu Raízes:
“É
significativo o testemunho de um observador norte-americano, R. Cleary, que,
durante os últimos vinte e poucos anos de monarquia brasileira, exerceu sua
profissão de médico em Lajes, Santa Catarina, tendo imigrado em conseqüência da
Guerra da Secessão nos Estados Unidos. Em obra ainda inédita, cujos manuscritos
se encontram na Library of Congress, em Washington, oferece Cleary o seguinte
depoimento acerca dos colonos alemães em São Leopoldo que, afirma, nada trouxeram de novo ao país adotivo e se
limitaram a plantar o que os brasileiros já plantavam e do mesmo modo primitivo
e grosseiro:
Conheci um
irlandês em Porto Alegre (...) que tentou introduzir o uso geral do arado entre
os alemães. Não obteve o menor resultado, pois os colonos preferiam recorrer a
enxadas ou pás e, na grande maioria dos casos, a simples cavadeiras de pau, com
o que abriam covas para as sementes. Este último pormenor requer explicação:
nossos próprios trabalhadores rurais ficarão sem dúvida estarrecidos se eu lhes
disser que a lavoura aqui é feita, em geral, com o auxílio de enxadas, mais
raramente de pás – e isso mesmo onde o lavrador é suficientemente esclarecido
para resistir ao hábito corrente, que consiste em abrir ao covas com um simples
pedaço de pau, a fim de nelas se colocarem as sementes. É verdade, como acima
se disse, que alguns, muito poucos, se socorrem de pás; estas, porém, não
passam de pobres sucedâneos para o grande símbolo da civilização, a última
palavra de Tubalcain (o salvador do mundo) que é o arado.
De
então para cá, a aquisição de técnicas superiores, equivalente a uma subversão
dos processos herdados dos antigos naturais da terra, não caminhou na
progressão que seria para desejar. Pode-se dizer que o desenvolvimento técnico
visou, em geral, muito menos a aumentar a produtividade do solo do que a
economizar esforços”.
Parece
incrível como alguns conceitos negativos de um livro cuja primeira edição é de
1936 cai como uma luva nas mãos preguiçosas e sujas de militantes e
sindicalistas do PT: querem acabar com o agronegócio, com o capitalismo, de
onde furtaram bilhões (mensalão, petrolão, BNDS, Fundos de Pensão e onde mais
meteram as mãos), e continuam a praticar os mesmos maus hábitos políticos da
República Velha (bolsa família, pelegada, compra de parlamentares, estudantes,
movimentos sociais, aparelhamento de todas as instituições republicanas)
contanto que isso os faça permanecerem no poder indefinidamente.
O
privado é público e o público é privado?
Vamos
adiante com esta leitura de Raízes do
Brasil do professor Sérgio Buarque:
“O
Estado não é uma ampliação do círculo familiar e, ainda menos, uma integração
de certos agrupamentos, de certas vontades particularistas, de que a família é
o melhor exemplo. Não existe, entre o círculo familiar e o Estado, uma
gradação, mas antes uma descontinuidade e até uma oposição. A indistinção
fundamental entre as suas formas é prejuízo romântico que teve os seus adeptos
mais entusiastas durante o século XIX.De acordo com esses doutrinadores, o
Estado e suas instituições descenderiam em linha reta, e por simples evolução,
da família. A verdade, bem outra, é que pertencem a ordens diferentes em
essência. Só pela transgressão da ordem doméstica e familiar é que nasce o
Estado e que o simples indivíduo se faz cidadão, contribuinte, eleitor, elegível, recrutável e responsável, ante as leis
da Cidade”.
No
entanto, nossos governantes, em todos os tempos, e com o voto, o aplauso, o
apoio maciço de um povo marginalizado da educação e de outras formas de pensar,
manipulado pelas lideranças sociais e sindicais, não fazem outra coisa a não
ser isso: confundir, misturar o privado e o público, de tal forma que não se
saiba o que é deles e o que é do povo. Não é à toa que o mau exemplo Lula
carregou do palácio caminhões de mudança de objetos e coisas suas, é verdade,
mas também objetos e coisas pertencentes à Presidência da República.
Nunca
antes na história desse país
Outra
observação do escritor e sociólogo SBH é atualíssima, as coisas não mudaram
depois de séculos de pseuda-evolução do pensamento e da prática
político-administrativa em nosso país. Diz respeito à classe de funcionários
públicos, hoje enriquecida com os tais CCs, ou melhor, o tal do bacharelismo:
“Ainda
hoje são raros, no Brasil, os médicos, advogados, engenheiros, jornalistas,
professores, funcionários que se limitem a ser homens de sua profissão. Revemos
constantemente o fato observado por Burmeister nos começos de nossa vida de
nação livre: “Ninguém aqui procura seguir o curso natural da carreira iniciada,
mas cada qual almeja alcançar aos saltos os altos postos e cargos rendosos: e
não raro o conseguem”. “O alferes de linha”, dizia, “sobe aos pulos a major e a
coronel da milícia e cogita, depois, em voltar para a tropa de linha com essa
graduação. O funcionário público esforça-se por obter colocação de engenheiro e
o mais talentoso engenheiro militar abandona sua carreira para ocupar o cargo
de arrecadador de direitos de alfândega. O oficial da marinha aspira ao
uniforme de chefe de esquadra. Ocupar cinco ou seis cargos ao mesmo tempo e não
exercer nenhum é coisa nada rara”.
É
isso aí. Eis a nossa res-pública enxovalhada no ano de 2016 pelas estripulias
cometidas iguaiszinhas as do século XVIII, ou antes até. Portanto, meu conselho
é que esses servidores, militantes, gente do MST que não planta e nunca plantou
um pé de alface, estudem. Trabalhem. Talvez assim um dia possam legar às
futuras gerações uma pátria realmente decente, digna, com oportunidades para
todos, e não essa caricatura de nação que não oferece aos habitantes nem
educação e nem saúde de qualidade, nem segurança nem perspectivas de futuro,
mergulhada novamente no desemprego, na alta do custo de vida, em dívidas
impagáveis e, sobretudo, na mentira e roubalheira de seus governantes.
Nunca
antes na história deste país?... Sabe de nada, inocente!, repete em seu comercial o
compadre Washington.
Pesquisa e texto final
Raimundo Fontenele
Pesquisa e texto final
Raimundo Fontenele
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