O nosso erro foi esperar um projeto
político para o Brasil de um governo que tinha um semianalfabeto no comando.
Mas não há preconceito por ele ser pobre (como eu), nordestino (como eu), o que
há é arrependimento de ter seguido a sua falsa estrela que, ao invés da casa de
Davi, nos levou (ou quase?) aos porões de Lúcifer.
Porque o projeto Lulinha Paz e Amor,
aproveitando-se da estabilidade da moeda, da ausência da inflação galopante que
havia antes, deu o peixe aos mais pobres (mas não os ensinou a pescar), acenou
com um consumismo desenfreado para as classes, agora médias, segundo a ótica
caolha do lulopetismo. E despejou moeda graúda nas mãos de banqueiros e de
alguns empresários, escolhidos para representar a grande riqueza que esse
projeto maluco apresentou ao mundo financeiro e ao capital internacional. A
esperança era atrair tudo aquilo que o Partido dos Trabalhadores abominara
durante os anos de sua pregação socialista: o dinheiro dos capitalistas.
E
o Maranhão com isso?
Tudo a ver.
Vejamos: Depois do anos de
desenvolvimento e bonança, ao tempo do Império, a República Velha já pegou o
Maranhão com as calças na mão. O deslocamento da atividade econômica para
outros centros do país, o surgimento da indústria nestes outros centros,
empobreceu-nos de tal maneira que isso veio se refletir de forma abominável na
nossa prática política. Era chegada a hora do Vitorinismo e sua época da
capangália: cada chefe ou chefete político municipal, além do destacamento
policial a seu serviço, tinha também um número respeitável de jagunços,
matadores de aluguel, cabras destacados para dar uma lição ou um sumiço nos
adversários políticos.
Aqui no na obra O VITORINISMO, do
jornalista e escritor Benedito Buzar, se lê: “Certa feita, numa conversa com o
jornalista Edson Vidigal, hoje ministro do Superior Tribunal de Justiça, no
correr da qual o assunto era a política maranhense, concluímos que havia
chegado o momento de se fazer uma revisão sobre o vitorinismo, sistema
político-administrativo que dominou o Maranhão de 1945 a 1965, e que teve no
senador Vitorino de Brito Freire sua figura de realce.
Na verdade, mais de trinta anos
depois de Vitorino Freire ser defenestrado da política maranhense, o
vitorinismo continua sendo visto e discutido pela ótica de um passado, aliás,
não muito remoto, marcado por emocionalismos e radicalismos.
Esses sentimentos inibem analisar,
tanto o criador (Vitorino), quanto a criatura (o sistema criado por ele, o
vitorinismo), como partes integrantes de um processo inerente a uma fase
histórica, na qual o mandonismo, como prática política, vicejava no Brasil,
sobretudo no Nordeste, onde uma estrutura sócio-econômica atrasada
encarregava-se de produzir o coronelismo e os subprodutos dele decorrentes.
Essa prática política, que deveria
ter sido extirpada do cenário brasileiro pela famosa Revolução de Trinta,
contudo, não o foi. Ao contrário, impôs-se em toda a plenitude, cjegando mesmo
a consolidar-se. Nem mesmo a redemocratização do país, a partir de 1945,
conseguiu erradicá-la, pois a estrutura que sustentava o mandonismo, manteve-se
inalterada até os albores dos anos 60, quando o Brasil enveredou pelo caminho
da industrialização” (O Vitorinismo - Lutas Políticas no
Maranhão de 1945 a 1965, de Benedito Buzar, São Luís-MA, 1998).
Isso aí.
Tivemos, é certo, o sonho do
Maranhão Novo com a vitória de Sarney em 1965 que ajudou a enterrar de vez o
Maranhão de Vitorino. Sarney era oriundo de um grupo dito progressista e de
esquerda da velha UDN, chamado de grupo Bossa Nova. E elegeu-se governador, um
dos mais jovens daquela leva de governadores, com apenas 36 anos, e cheio de
ideal e ideais que se chocavam com o governo militar instalado no país, e que
iria recrudescer e caminhar para uma Ditadura violenta. Violenta para responder
também a atos de violência e terrorismo cometidos pela extrema esquerda
representada pela Partido Comunista e os vários grupelhos que dele derivaram,
entre os quais a VAR-Palmares, Colina, Polop, todos partidários da tomada do
poder via luta armada.
Sarney correu ao Palácio do Planalto
e pactuou com os militares. E, verdade seja dita, o primeiro governo da era
Sarney foi um grande governo se comparado com o que fora os últimos governos
vitorinistas, achincalhados pela politicalha mais sórdida e vagabunda que se
tem notícia.
Projeto Bandeirantes (cursos
profissionalizantes), Escolas João de Barro (educação de jovens e adultos até
então fora da escola), TV Educativa do Maranhão, umas das pioneiras no Brasil,
construção de estradas, uma profunda reforma administrativa no Estado, para a
qual o Governador Sarney recrutou as melhores cabeças pensantes e os mais
competentes técnicos do Estado, como Haroldo Tavares, Joaquim Itapary, Bandeira
Tribuzzi, Reinaldo Tavares e muitos outros.
Mas, com o tempo, como sói acontecer
com todo grupo que se encastela de forma vitalícia no poder, as conseqüências
são as mais danosas para o estado e sua população, principalmente a mais pobre
e menos esclarecida que é quem na verdade “leva o fumo”, na expressão bem
popularesca. E assim aconteceu. O sarneysmo passou a cometer os mesmos vícios,
corrupção e malversação do dinheiro público, privilegiando e enriquecendo
famílias e grupelhos que lhe davam apoio e sustentação política.
Enfim, após o Governo de Jackson
Lago, o breve, apeado do poder por manobras de Sarney, com o beneplácito de
poderes federais, eis que o Maranhão se engajou na candidatura Flávio Dino, do
PCdoB, e que mesmo sem o apoio do governo federal venceu a candidatura
saneysista.
Triste feudo! O senhor Flávio Dino
nunca esteve e nem está à altura daquilo que o Maranhão necessita e que os
maranhenses sonharam. Vai passar à história como um governo medíocre, apoiador
que foi e é de um projeto de poder corrupto e com veleidades ditatoriais como o
governo do PT e dessa Esquerda Brasileira, sem nenhuma dúvida a vanguarda do
atraso e do populismo mais tosco e predador, que bagunçou a estabilidade
econômica, dilapidou o Tesouro Nacional, trouxe de volta a inflação e jogou no
desemprego cerca de 12 milhões de brasileiros.
E o pequeno títere maranhense com
seu reles saber jurídico ajudou a manobrar o investigado Waldir Maranhão, com
figuras do Palácio do Planalto, para tentarem um golpe contra o impeachment da
ex-presidenta Dilma Roussef. Deu com os burros nágua. E o Maranhão anda novamente
à deriva, tiranizado pela molecada de Pedrinhas que em poucos dias incendiou 15
ônibus e agora se vê forçado a pedir penico à tal Força de Segurança Nacional.
Mas, como sempre digo, junho está
bem aí. Preparem o tira gosto de peixe pedra e camarão, empilhem as garrafas de
maraba, esquentem os pandeirões, eh boi...
Meu
Brasil brasileiro
Aqui é que a zorra é grande e não
para de crescer. É bandido pra todo lado. De gravata e de chinelo. De jatinho e
de bicicleta. As prisões viraram masmorras que encarceram homens feito bestas
humanas. As quadrilhas governamentais, sem dispararem um tiro, saquearam
bilhões: da Petrobrás, do BNDES, dos Fundos de Pensão (Previ e Postalis), Banco
do Brasil e Correios. Sindicalistas e apaniguados, da noite para o dia, ou seja
em apenas 13 anos, construíram fortunas, ergueram mansões, sítios, jatinhos,
chácaras, cozinhas de 540.000 reais, triplex. Filhos de ministros e
governantes, em plena juventude, são grandes empresários, proprietários de
fazendas e negócios que antes se levava uma vida inteira de trabalho de sol a
pino, trabalho duro, durante 50, 60 anos para erguê-las.
Hoje, não. Esfrega-se a lâmpada e de
lá sai o gênio que lhe concede somas milionárias, capital repartido em nome de
“laranjas”, marajás do lulopetismo e seus ajuntamento de asseclas partidários
(psolistas, gente do PCdoB, a Marina com sua rota Rede de ideias), os chefetes
do MST, UNE, CUT, os tais Movimentos Sociais, um ajuntamento de predadores da
pior espécie, e que contam com o arcabouço jurídico e intelectual de cientistas
sociais, professores universitários, os tais artistas roedores daquilo que eles
chamam Cultura e que são seus negócios e eventos, de onde recolhem moedas de
Judas, em nome do povo que eles dizem representar e a quem traem com a maior
cara de pau.
E não escapa ninguém: Chico
Buarque, Caetano, Gil, Sabatela, o pessoal do filme Aquarius, Marieta Severo,
Dona Fernanda Montenegro, os Zés de Abreu da vida, cuspidores e cagadores em
público, gente do cinema, do teatro, gente que até passou sufoco nos anos de
chumbo e agora se acha no direito de cobrar, em milhões de reais, aquilo que
eles diziam ser uma luta e um sacrifício em defesa do povo, da liberdade e da
Democracia. Puta que los pariu, Benedita!
Zorra mais zorra. Não há maior que
assistir a Câmara, o Senado, o Congresso em pleno funcionamento. É onde e
quando o Brasil é mais Brasil. A nossa alma e o nosso caráter são expostos até
as vísceras. Farsantes e hipócritas, dedos-duros e canalhas, mas também seres
benevolentes e bem intencionados, gente idealista e gente que ainda crê que
isso aqui tem jeito.
Surge um novo governo nascido do
impeachment de uma presidenta profundamente impopular, tremendamente
incompetente e também corrupta, pois não acredito um pingo na sua honestidade
tão apregoada até, em alguns casos, por adversários. Não pode ser honesto quem
protege ladrões. Não pode ser honesto quem se beneficiou de dinheiro mal
havido, de propina escorrida dos dutos da Petrobrás e de sabe-se lá mais de
onde, que irrigou suas campanhas políticas em 2010 e 2014.
Principalmente, porque há um
precedente: quando jovem e militante da luta armada, em nome de um sistema
comunista, “fez o diabo”, segundo suas palavras: assaltou, tiroteou, invadiu a
casa de Adhemar de Barros de onde sumiu um cofre recheado de “notinhas”. Tudo
em nome de uma nobre causa, a Democracia, quando se sabe ser isto uma deslavada
mentira que a Esquerda apregoa, pois quando lutavam contra os militares o
faziam para implantar um regime comunista, cujo modelo para uns era a Rússia,
para outros a China, para aqueles, Cuba e para outros mais a Albânia.
Há um problema: é que esse novo
governo traz uma porção de esqueletos no armário, que começaram a sair mal a
máquina do governo começou a rugir. Sei que o governo Temer tem pelo menos uma
virtude sobre o governo petista: sua vocação e seu destino é a Democracia e não
o totalitarismo bolivariano que tentaram, sem sucesso, implantar no Brasil e na
América Latina.
Por isso, vamos torcer que saiamos
do lamaçal econômico e do atoleiro antiético e moral em que o lulopetismo nos
jogou. Porque esse povo trabalhador e humilde, essa população generosa que
trabalha e sofre tanto merece um melhor futuro, quiçá para seus descendentes,
já que o presente é esta cloaca em que ela, a massa, é obrigada a chafurdar
pela obra e graça de tantos sindicalistas incompetentes e de caráter duvidoso e
de outros tantos péssimos e larápios governantes.
Termino com esse pequeno texto do
livro CARMAVAIS, MALANDROS E HERÓIS, do competentíssimo sociólogo Roberto
DaMatta:
“Explorada, espoliada, agredida e
desconhecida, principalmente desconhecida, essa massa anônima é chamada de
“povo”, e quem não fala por ela no Brasil? É como um Deus sem sacerdotes e
teologia, um Deus realmente brasileiro de umbanda, onde basta o misticismo
nascido da insatisfação para gerar a moralidade que cria a relação mística
entre os poderes grandiosos do alto e os mortais que estão aflitos aqui
embaixo. Ao estudar, neste livro, os carnavais, os malandros e os nossos
renunciadores – os nossos heróis –, pretendo abordar esse povo nas suas
esperanças e perplexidades, pois sempre me impressionou a conjunção de um povo
tão achatado junto a um sistema de relações pessoais tão preocupado com
personalidades e sentimentos; uma multidão tão sem rosto e sem voz, junto a uma
elite tão rouca de gritar por suas prerrogativas e direitos; uma
intelectualidade tão preocupada com o coração do Brasil e, no entanto, tão
voltada para o último livro francês; uma criadagem que passa tão despercebida e
patrões tão egocêntricos; uma sociedade, enfim, tão rica em leis e decretos
racionais, mas que espera pelo seu D. Sebastião, o velho e ibérico pai de todos os
renunciadores e messias. De fato, renunciador tão perfeito que parece ter
decidido paradoxalmente jamais voltar, como se estivesse prevendo sua
inevitável desmistificação por esse mesmo povo que diz amá-lo e o aguarda com
tanta paciência. Um povo que me intriga na sua generosidade, sabedoria e,
sobretudo, esperança”.
Pesquisa
e texto final:
Raimundo
Fontenele
Excelente texto, que análises como essa se espalhe pleos facebooks e twitters da vida e ajude as consciências inertes a despertarem rumo ao esclarecimento tão necessário as nações democráticas e republicanas.
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