Não resta dúvida de que
um dos motivos da Esquerda encontrar terreno fértil, no seio do povo, dos
jovens, dos estudantes, dos idealistas, dos pobres, dos insatisfeitos, para
lançar e fincar neste terreno seus projetos totalitários e ilusionistas é a
incapacidade dos governos ditos liberais atender às necessidades básicas de educação,
saúde e produção de alimentos num projeto distributivo que diminua as
diferenças entre o que tem tudo e o que nada tem. Depois de vários anos de
governos de centro esquerda e de esquerda o Brasil tem uma nova chance de
encontrar um caminho político que nos afaste do perigo de viver entre ditadores
ou de populistas da pior espécie.
Que faremos? Pra onde
iremos? As eleições de outubro estão aí batendo à porta. É o primeiro passo na
direção deste novo caminho e não podemos cometer os mesmos erros elegendo as
mesmas figurinhas carimbadas.
CANÇÃO DO
REMENDO E DO CASACO
Bertold Brecht (1898-1956)
Sempre que o nosso casaco se rasga
vocês vêm correndo dizer: assim não pode ser;
isso vai acabar, custe o que custar!
Cheios de fé vão aos senhores
enquanto nós, cheios de frio, aguardamos.
E ao voltar, sempre triunfantes,
nos mostram o que por nós conquistam:
Um pequeno remendo.
Ótimo, eis o remendo.
Mas onde está
o nosso casaco?
vocês vêm correndo dizer: assim não pode ser;
isso vai acabar, custe o que custar!
Cheios de fé vão aos senhores
enquanto nós, cheios de frio, aguardamos.
E ao voltar, sempre triunfantes,
nos mostram o que por nós conquistam:
Um pequeno remendo.
Ótimo, eis o remendo.
Mas onde está
o nosso casaco?
Sempre que nós gritamos de fome
vocês vêm correndo dizer: Isso não vai continuar,
é preciso ajudá-los, custe o que custar!
E cheios de ardor vão aos senhores
enquanto nós, com ardor no estômago, esperamos.
E ao voltar, sempre triunfantes,
exibem a grande conquista:
um pedacinho de pão.
Que bom, este é o pedaço de pão,
mas onde está
o pão?
vocês vêm correndo dizer: Isso não vai continuar,
é preciso ajudá-los, custe o que custar!
E cheios de ardor vão aos senhores
enquanto nós, com ardor no estômago, esperamos.
E ao voltar, sempre triunfantes,
exibem a grande conquista:
um pedacinho de pão.
Que bom, este é o pedaço de pão,
mas onde está
o pão?
Não precisamos só do remendo,
precisamos do casaco inteiro.
Não precisamos de pedaços de pão,
precisamos de pão verdadeiro.
Não precisamos só do emprego,
toda a fábrica precisamos.
E mais o carvão.
E mais as minas.
O povo no poder.
É disso que precisamos.
Que tem vocês
a nos dar?
precisamos do casaco inteiro.
Não precisamos de pedaços de pão,
precisamos de pão verdadeiro.
Não precisamos só do emprego,
toda a fábrica precisamos.
E mais o carvão.
E mais as minas.
O povo no poder.
É disso que precisamos.
Que tem vocês
a nos dar?
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