7 de set. de 2016

CRÔNICAS DO PUCUMÃ

        A coluna QUARTA É DIA DE RF traz um novo episódio das CRÔNICAS DO PUCUMÃ, uma série de postagens para todos que se interessam pela leitura, pela história e pelo conhecimento, em forma de crônicas, relatos e entrevistas acerca dos acontecimentos que se relacionam com a História do Município de São Domingos do Maranhão, conhecido, principalmente desde o seu descobrimento até a década de 60, como São Domingos do Zé Feio. Nesta quarta-feira os Carnavais de 1953 e 1954,  e algumas curiosas revelações que envolveram a realização destas festas de Momo. Contando, para isso, com a colaboração de nossa amiga Socorro Brandão, testemunha ocular de tais acontecimentos.
CARNAVAL DE 1953
Fontenele: Socorro, vamos falar então sobre o Carnaval de 53...
Socorro Brandão: É, o Carnaval de 1953 foi o primeiro com o município organizado, uma vez que meu pai, senhor Aluízio Silva Brandão, tinha sido empossado como Prefeito no dia 1º de Janeiro daquele ano.
Fontenele: Sim, Socorro, inclusive com pessoas capacitadas que vieram dirigir os diversos órgãos públicos, como Cartório, Coletoria, Correios, etc.
Socorro Brandão: Exato. Meu pai tinha sido nomeado Prefeito com o apoio dos senhores Raimundo Nonato de Almeida, Elidônio Aprígio do Nascimento e do Deputado Estadual Gonçalo Moreira Lima, representante de toda esta região que se constituía a partir de São Domingos passando por Colinas, Passagem Franca e diversos outros municípios. Convém destacar que ele era conhecido popularmente como Sales Moreira.
Fontenele: E como foi recebida esta nomeação do Senhor Aluízio Brandão pelo povo em geral e principalmente pelas lideranças do município?
Socorro Brandão: Tendo tal fato não agradado totalmente a família Torres, começa assim o desligamento de umas famílias das outras, surgindo, então, as duas primeiras correntes políticas da história de São Domingos. Existe, até, um livro chamado “O Capitão da Serra Negra” que faz referência a todos esses acontecimentos.
Fontenele: Interessante a existência desse livro, Socorro, mas vamos voltar ao Carnaval de 53...
Socorro Brandão: Claro, Fontenele, mas é que o fato de meu pai ser Prefeito teve influência, embora indireta, no transcurso do carnaval. Acontece que meu pai trouxe o primeiro Tratorista para a nossa cidade.  Para abrir estradas, ruas, escavações na Lagoa, todo esse trabalho dependia de um profissional dessa área. E assim chegou aqui o senhor Odorico Peixoto. Ele tinha uma família numerosa, pois além dele e de sua esposa haviam seus filhos, três moças e dois rapazes. Pessoas desenvoltas, traquejadas, acostumadas com as festas carnavalescas, pois vinham de São Luís. Foi ele, por consequência, o organizador do carnaval naquele ano, pois formaram um Bloco de Rua e as festas dançantes aconteceram na residência do próprio Odorico Peixoto, que se localizava onde hoje é a atual sede da Prefeitura Municipal.
Fontenele: E pelo jeito foi também um carnaval muito animado, hein Socorro?
Socorro Brandão: Sim, esse carnaval da casa do senhor Odorico Peixoto foi um dos mais animados daqueles tempos. Com grande participação do povo que foi para as portas das casas para acompanhar a evolução do Bloco de Rua e participando também dos bailes noturnos na casa do nosso Tratorista.
CARNAVAL DE 1954
Fontenele: Então vamos passar agora para o carnaval de 54, correto, Socorro?
Socorro Brandão: Sim, Fontenele, Parte superior do formulário
o carnaval de 1954 foi mesmo um carnaval sem muito entusiasmo e nem mesmo os famosos blocos de rua deram o ar de sua graça.
Fontenele: Socorro, tenho a impressão de que pelo fato de já haver uma certa divisão da sociedade por motivos políticos, como o fato da nomeação do senhor Aluízio que não agradou a todas as lideranças, parece que o carnaval de 54 sofreu essa influência, negativamente, não?
 Socorro Brandão: Essa pergunta foi muito oportuna você ter feito, porque foi realmente por causa da dissidência política havida com o episódio da nomeação do meu pai, senhor Aluízio Brandão, como Prefeito.  Ou seja, o afastamento entre si de algumas das famílias mais representativas, social e economicamente, naquele momento da história do nosso município.
Fontenele: Socorro, a política, infelizmente, mais divide que une, mais atrapalha do que promove o desenvolvimento. Não a Política com P maiúsculo, mas, com o perdão de todos, a politicagem que, quase sempre, é que o que mais existe no nosso meio. Mas, continue, está muito bem feita essa tua narrativa,,,
Socorro Brandão: Pois é, assim, a sociedade de São Domingos, antes unida e coesa, viu-se dividida em dois grupos antagônicos: de um lado a família Torres (os irmãos Jofran e Rangel Torres, Dona Dudu e o senhor Luiz Bucelles (chefe dos Correios e Telégrafos àquela época), e os senhores Aluízio Brandão, Raimundo Almeida (Coletor Estadual), e os comerciantes senhor Elidônio Aprígio do Nascimento e os irmãos Viana (senhores Sebastião e Anastácio) do outro lado. Então, com esses problemas não houve mesmo um carnaval organizado em 1954, podemos dizer que passou em brancas nuvens, virou fumaça na nossa lembrança e na nossa história. Mas, em compensação, Fontenele, o Carnaval de 1955 voltou com a corda toda, superanimado e organizado, e como se diz atualmente chegou arrebentando a boca do balão e teve, entre outras atrações, o famoso e saudoso bloco cognominado de A TURMA DO FUNIL, que ficou por vários anos na memória daqueles que viveram aquele instante carnavalesco na nossa querida São Domingos do Zé Feio.
(NA PRÓXIMA SEMANA O CARNAVAL DE 1955 E EM HOMENAGEM À CAMPANHA POLÍTICA QUE SE DESENVOLVE ATUALMENTE FALAREMOS SOBRE O TEMA: O PRIMEIRO COMÍCIO A GENTE NÃO ESQUECE)




Raimundo Fontenele
 

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