15 de out. de 2018

BOLSONARO É MITO, BOLSONARO É POP



Desde o início o Brasil se mostrou uma nação suscetível a movimentos heroicos. A imagem de um ser especial, um ungido, um escolhido, dotado de poderes para resolver qualquer problema está no inconsciente coletivo de várias gerações de brasileiros. Na região nordeste até hoje permeia o imaginário de diversas localidades o arquétipo de um herói encantado sobre a figura de Dom Sebastião, que foi Rei de Portugal e Algarves, morto em 04 de Agosto de 1578 na batalha de Alcácer-Quibir. Acontece que localidades espalhadas pelo Maranhão, Ceará e Pernambuco para citar algumas, acreditam que D. Sebastião não teria morrido, mas se encantado nas águas do Marrocos. Ele D. Sebastião estaria aguardando o momento de retomar seu reinado que desta vez seria exatamente no nordeste brasileiro, essa é a origem do mito do Sebastianismo, que possui presença forte e marcante no imaginário nordestino.

No âmbito da história política do Brasil, temos D. Pedro I o grande avalista do território nacional, a figura de Princesa Isabel na tentativa de inclusão dos negros na sociedade brasileira pela primeira vez, e com o passar dos anos passamos a nos acostumar com essa espécie de escolha a cada período desse herói do momento, revertido de poderes sobre os demais alguém que de uma vez por todas iria colocar os rumos do país nos trilhos do progresso. Vimos o aparecimento de Getúlio Vargas o grande nacionalista que flertou com o autoritarismo, porém foi o primeiro a sinalizar avanços na área social. Logo depois Juscelino Kubitscheck tido por muitos como o maior progressista de todos os presidentes, o homem por detrás da construção de Brasília, o primeiro a pensar um país com olhos no futuro. Por último em meio ainda a fuzis e toda uma onda repressiva no Brasil, no início dos anos 80 Tancredo Neves, político de carreira advindo das Minas Gerais representava com seu alto grau de aprovação, aquele que iria colocar para frente a Ordem e o Progresso, máxima de um de nossos símbolos a bandeira nacional. Por último Luís Inácio Lula da Silva, de família bastante humilde advinda dos bolsões de miséria do sertão nordestino. Tendo surgido em meados dos anos 70 como grande nome da resistência sindicalista frente a truculência exacerbada do governo militar, um dos pais do PT, o grande nome da sigla e principal liderança de uma esquerda aguerrida por anos e anos, um dos quadros mais perseverantes da política brasileira que perdeu três eleições consecutivas para presidência da república, chegando a presidência em 2002 e conseguindo durante duas eleições estar no poder. Sobre Lula recaia réstias de esperança advinda de todos citados a cima antes dele, em suas duas legislaturas o país passou por um período de pseudos avanços econômicos e sociais, chegando a ser ovacionado em terras estrangeiras como um dos grandes líderes políticos do seu tempo, para se encontrar hoje encarcerado numa cela da polícia federal condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, depois de uma grande investigação da Operação Lava-Jato, uma das maiores operações contra corrupção da história.

Chegando agora com a comitiva da história e aportando nos dias atuais, estamos vivendo no Brasil, um período bastante sui generis quando o assunto é política. Depois do tsunami causado pela Operação Lava-Jato foi nos dado a possibilidade de assistir mega empresários e políticos serem presos a luz do dia, por detrás dos processos que levaram as prisões, bilhões de reais desviados da saúde, infraestrutura, educação e etc.

Em meados de 2013 depois da tomada das ruas pelo povo, pela primeira vez começamos a ouvir falar em âmbito nacional de uma figura um tanto quanto nova no cenário político do Brasil.  Jair Bolsonaro, Deputado Federal por cinco legislaturas pelo Rio de Janeiro, capitão da reserva do exército brasileiro. Detentor de um discurso objetivo e conciso sobre agendas urgentes como segurança, educação, saúde e economia, o candidato iniciou uma caminhada por todo o Brasil há três anos atrás, e por conta de um discurso firme e muitas vezes tido como autoritário veio amealhando seguidores e simpatizantes por todo o território brasileiro. Jair Bolsonaro se difere muito pouco de figuras que tinham em sua personalidade e retórica bastante semelhanças com seus posicionamentos, podemos citar rapidamente Enéas que chegou a obter ótimas votações em pleitos presidenciais do passado. Recai sobre o candidato Jair Bolsonaro uma áurea de escolhido novamente é bem verdade, mas aqui precisamos tomar certo cuidado e guardar muito bem as devidas proporções com o passado. Nunca na história dessa nação quadro algum da política nacional surgiu e alcançou um alto patamar de expectativa tão grande por parte da opinião pública.  Quando falamos anteriormente de Getúlio, Juscelino, Tancredo e Lula, percebam que esses possuíam longa estrada quando o assunto é conhecimento por parte da opinião pública. Pode-se vaticinar que o candidato é resultado de uma excelente exposição nas mídias sociais, mas é bem verdade que as mídias sociais já estão aí há cerca de duas, três eleições. Pode-se novamente tentar explicar que Jair Bolsonaro é resultado de um profundo descontentamento do povo brasileiro com uma esquerda carcomida enlameada de corrupção tendo seu maior líder encarcerado na República de Curitiba, mas vejamos bem partidos de uma esquerda ultra-radical como PSTU, PCO, PC do B e outros coexistem no mesmo espaço e tempo do candidato Jair Bolsonaro e em momento algum vimos nenhum quadro advindo desses surgindo como grande redentor das grandes mazelas da política nacional. Jair Bolsonaro carrega consigo a espada do moralismo político, do civilismo, da figura de deus acima de todos, e através desse discurso firme e irreversível trouxe junto de sim a maior parte da parcela do eleitorado brasileiro, nunca um candidato obteve tantos votos num primeiro turno de uma eleição, ainda que fosse um político que já tivesse passado por outras eleições a presidência, mas não é o seu caso. Tido por seus seguidores como Mito, Jair Bolsonaro não nos resta dúvidas hoje é um fenômeno pop, semelhante a grandes nomes da Cultura Pop mundial. Não podemos esquecer que figuras históricas da humanidade como o Papa João Paulo II e John Lennon sofreram atentados e Jair Bolsonaro se recupera milagrosamente de um. Como testemunhas que somos do nosso tempo cabe a nós observarmos com calma e com grande esperança no coração, que essa estrela não passe e se dissipe rapidamente aos nossos olhos, mas que possamos ver a verdade por detrás do seu brilho durante bastante tempo sobre o céu azul anil do Brasil.

 Por Natan Castro.
 Editor do Blog.


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