30 de set. de 2016

A NOITE DOS AUSENTES (PARTE 01) - ILHA DE CALOR



Eram três horas da tarde, o tempo parado sem brisa alguma, na parada de ônibus a temperatura devia medir naquele instante uns quarenta graus.  A parte de metal de cima do ponto de ônibus acolhia o calor e transferia para baixo aumentando ainda mais a temperatura. Naquele momento o suor escorria pela testa descendo o rosto, alguns pingos embaçaram os óculos, na frente à avenida mais parecia uma pista de alta velocidade com veículos indo e voltando freneticamente, busquei o celular no bolso e iniciei uma busca por alguma música que abrandasse aquele momento de tensão e calor, em outras vezes isso havia dado certo. Nos primeiros instantes da música ao olhar no horizonte verifiquei que o meu ônibus estava chegando e de pronto me organizei na fila para entrar.

O coletivo tomou a direção do retorno da Cohab, logo em seguida passou pela Cohama e depois direcionou-se ao meu destino a Praça Deodoro, Biblioteca Benedito Leite. Na descida uma pancada de ar quente nos recebeu, isso sempre acontece o que já é de costume, por conta disso quase mais ninguém percebe a brisa quente que sobe do chão em direção ao rosto. Mais a frente vendedores de coco gelado e bombons, tirei uns centavos do bolso e comprei dois chicletes, de mãos no bolso atravessei a avenida chegando ao meu destino. A Biblioteca Benedito Leite em nova fase possui ar condicionado em suas dependências, já dentro do salão da entrada o suor começou a secar rapidamente por conta da baixa temperatura ambiente. Passei a passear entre os livros das primeiras estantes, ao meu lado alunos com farda de escolas públicas sentados em algumas mesas mexendo nos celulares, algumas outras pessoas pesquisando nas cabines reservadas. A busca por um livro para ler sempre representou um ritual, algo que jamais conseguirei explicar, outras vezes passo pelas estantes e vou-me embora sem me interessar por livro algum.

Os olhos passeavam pela última prateleira da última estante, exatamente na parte de baixo um livro me chamou a atenção. De capa dura o titulo só podia ser lido na parte de dentro a capa era cinza e lisa sem gravuras, chamava Manual Versátil Para Aventureiros de Primeira Viagem, comecei a folheá-lo e logo percebi tratar-se de uma obra de literatura cômica com histórias e causos engraçados de viajantes em suas primeiras incursões em viagens turísticas, ao continuar a passagem pelas folhas acabei topando com uma que continha um pedaço de papel solto em seu interior. Retirei e comecei a ler, era um papel corroído ao que parecia bastante antigo e dizia: Convido você para uma reunião que acontecerá na próxima quinta-feira no salão da Biblioteca Benedito Leite, sempre após a meia noite.  O texto era escrito numa cor de tinta diferente das cores de tintas de canetas convencionais. Fechei o livro coloquei o bilhete no bolso e tomei a direção das bibliotecárias, levei emprestado o livro, depois de uma volta pelo centro retornei a minha casa. 


Continua.... 

Por Natan Castro

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