Eram
três horas da tarde, o tempo parado sem brisa alguma, na parada de ônibus a
temperatura devia medir naquele instante uns quarenta graus. A parte de metal de cima do ponto de ônibus
acolhia o calor e transferia para baixo aumentando ainda mais a temperatura. Naquele
momento o suor escorria pela testa descendo o rosto, alguns pingos embaçaram os
óculos, na frente à avenida mais parecia uma pista de alta velocidade com veículos
indo e voltando freneticamente, busquei o celular no bolso e iniciei uma busca
por alguma música que abrandasse aquele momento de tensão e calor, em outras
vezes isso havia dado certo. Nos primeiros instantes da música ao olhar no
horizonte verifiquei que o meu ônibus estava chegando e de pronto me organizei
na fila para entrar.
O
coletivo tomou a direção do retorno da Cohab, logo em seguida passou pela
Cohama e depois direcionou-se ao meu destino a Praça Deodoro, Biblioteca
Benedito Leite. Na descida uma pancada de ar quente nos recebeu, isso sempre
acontece o que já é de costume, por conta disso quase mais ninguém percebe a
brisa quente que sobe do chão em direção ao rosto. Mais a frente vendedores de
coco gelado e bombons, tirei uns centavos do bolso e comprei dois chicletes, de
mãos no bolso atravessei a avenida chegando ao meu destino. A Biblioteca
Benedito Leite em nova fase possui ar condicionado em suas dependências, já
dentro do salão da entrada o suor começou a secar rapidamente por conta da baixa
temperatura ambiente. Passei a passear entre os livros das primeiras estantes,
ao meu lado alunos com farda de escolas públicas sentados em algumas mesas
mexendo nos celulares, algumas outras pessoas pesquisando nas cabines
reservadas. A busca por um livro para ler sempre representou um ritual, algo
que jamais conseguirei explicar, outras vezes passo pelas estantes e vou-me
embora sem me interessar por livro algum.
Os
olhos passeavam pela última prateleira da última estante, exatamente na parte de baixo um
livro me chamou a atenção. De capa dura o titulo só podia ser lido na parte de
dentro a capa era cinza e lisa sem gravuras, chamava Manual Versátil Para Aventureiros de Primeira Viagem, comecei a
folheá-lo e logo percebi tratar-se de uma obra de literatura cômica com histórias
e causos engraçados de viajantes em suas primeiras incursões em viagens
turísticas, ao continuar a passagem pelas folhas acabei topando com uma que continha um pedaço de papel solto em seu interior. Retirei e comecei a ler, era
um papel corroído ao que parecia bastante antigo e dizia: Convido você para uma reunião que acontecerá na próxima quinta-feira no
salão da Biblioteca Benedito Leite, sempre após a meia noite. O texto era escrito numa cor de tinta
diferente das cores de tintas de canetas convencionais. Fechei o livro coloquei
o bilhete no bolso e tomei a direção das bibliotecárias, levei emprestado o
livro, depois de uma volta pelo centro retornei a minha casa.
Continua....
Por Natan Castro
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