7 de out. de 2016

A NOITE DOS AUSENTES (PARTE II) - AS INICIAIS



Confesso que ainda na quarta a lembrança do bilhete veio à tona. A informação insólita de que aconteciam reuniões dentro da Biblioteca Benedito Leite, começou a suscitar uma batalha em meus pensamentos, duas vertentes uma contrária e outra a favor realizavam naquela ocasião embates no interior de minhas análises. Sempre tive uma forte propensão por assuntos exóticos, e esse se mostrava além de exótico inteiramente misterioso beirando o improvável. Uma vertente de meus pensamentos buscava sempre análises mais racionais, não era sempre que me via aceitando uma possibilidade sem antes realizar sobre a mesma diversas perguntas e indagações, eliminar qualquer dúvida fazia parte da finalização desse processo.

Na quinta passei o dia lendo o manual que havia tomado emprestado na Biblioteca. Estava na metade do livro, nada que fugisse aos manuais de aventuras turísticas, no final de semana surgiu algo inusitado na leitura. Cheguei a uma página onde se podiam ler diversos apontamentos, entre os parágrafos, tratava-se de observações sobre debates, numa dessas observações o autor citava a necessidade dos membros do grupo se engajarem mais nos temas escolhidos. Algo que chamou minha atenção profundamente é que sempre que se referiam a nomes essas observações usavam somente letras como M.F, S.A ou M.S, algo que me jogou contra a parede, o que antes era apenas uma pulga atrás da orelha, passou dali pra frente a ser algo mais instigante.

A semana seguinte havia chegado, junto dos cafés, dos almoços, do calor extenuante, o inverno sempre foi uma estação mais amiga quando o assunto era leituras, tomada de decisões, mudanças de rumo em minha vida. Naqueles dias havia tentado diversas coisas, cinema, caminhadas, violão, tudo na tentativa de me livrar daquelas informações, por vezes pensava se outras pessoas haviam passado por aquilo, se haviam também se deparado com aquelas informações, muitas pessoas frequentam e de repente podem ter também se deparado com aquelas informações. Em outros momentos pensava que de repente eu seria um escolhido, deveria estar escrito em algum lugar, teoria da conspiração? Já havia chegado a terça e eu já estava quase no fim do manual, sentado numa mesa de bar entre a leitura de parágrafos, baforadas de cigarro, lá pras tantas como que num desfecho de uma dedução, algo em minhas loucas análises dizia que eu deveria tentar desvendar o que de fato existia por detrás das informações da reunião secreta na Biblioteca. De repente ficou tudo claro, um plano límpido e cristalino se desenhava, agora era só esperar a quinta-feira chegar para colocá-lo em prática.

Continua....

Por Natan Castro


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