De
origem humilde, era filho de Joaquim Gomes de Farias Veras e Ana de Campos
Veras. Nasceu no então município maranhense de Miritiba - hoje batizado com o
seu nome. Com a morte do pai, aos seis anos, mudou-se para São Luís, onde
começou a trabalhar no comércio local para auxiliar na subsistência da família.
Aos dezessete muda-se, novamente, para o Pará, onde começa a exercer atividade
jornalística na Folha do Norte e n'A Província do Pará.[1]
Em
1910, quando contava 24 anos, publica seu primeiro livro de versos, intitulado
"Poeira" (1.ª série), que lhe dá razoável reconhecimento. Dois anos
depois, muda-se para o Rio de Janeiro, onde prossegue sua carreira jornalística
e passa a ganhar destaque no meio literário da Capital Federal, angariando a
amizade de escritores como Coelho Neto, Emílio de Menezes e Olavo Bilac. Começa
a trabalhar no jornal "O Imparcial", ao lado de figuras ilustres como
Rui Barbosa, José Veríssimo, Vicente de Carvalho e João Ribeiro.[1] Torna-se
cada vez mais conhecido em âmbito nacional por suas crônicas, publicadas em
diversos jornais do Rio de Janeiro, São Paulo e outras capitais brasileiras,
inclusive sob o pseudônimo "Conselheiro XX".
Em
1919 ingressa na Academia Brasileira de Letras, sucedendo Emílio de Menezes na
cadeira n.º 20. Um ano depois ingressa na política, elegendo-se deputado
federal pelo seu Estado natal, tendo seus mandatos sucessivamente renovados até
a eclosão da Revolução de 1930, quando é cassado. Após passar por um período de
dificuldades financeiras, é nomeado, graças à admiração que lhe votavam figuras
de destaque do Governo Provisório, Inspetor de Ensino no Rio de Janeiro e,
posteriormente, diretor da Fundação Casa de Rui Barbosa.
Em
1933, com a saúde já debilitada, Humberto de Campos publicou suas Memórias
(1886-1900), na qual descreve suas lembranças dos tempos da infância e
juventude. A obra obteve imediato sucesso de público e de crítica, sendo objeto
de sucessivas edições nas décadas seguintes. Uma segunda parte da obra estava
sendo escrita por Humberto de Campos quando de seu falecimento, vindo à lume
postumamente sob o título de Memórias Inacabadas.
Após
vários anos de enfermidade, que lhe provocou a perda quase total da visão e
graves problemas no sistema urinário, Humberto de Campos faleceu no Rio de
Janeiro, em 5 de dezembro de 1934, aos 48 anos, em virtude de uma síncope
ocorrida durante uma cirurgia.
Tendo
Humberto de Campos falecido no auge de sua popularidade, diversas coletâneas de
crônicas, anedotas, contos e reminiscências de sua autoria foram publicados nos
anos seguintes a sua morte, época em que também vieram a lume diversos livros
supostamente escritos pelo espírito do escritor, por meio da psicografia do
médium Chico Xavier. Os familiares de Humberto de Campos processaram
judicialmente este último, alegando a ausência de pagamento de direitos
autorais. A demanda, que provocou grande polêmica na época, foi julgada
improcedente.
Em
1950, nova polêmica: o Diário Secreto mantido pelo autor em alguns períodos da
década de 1910 e com assiduidade de 1928 até sua morte é divulgado pela revista
O Cruzeiro, cujos editores o publicam em livro em 1954. A publicação causou escândalo
à época de sua publicação em razão de diversos registros e impressões pessoais
feitos por Humberto de Campos a respeito de pessoas de grande notoriedade nas
letras, política e sociedade de sua época, incluindo Machado de Assis, Getúlio
Vargas, Olavo Bilac, e outros.
Sucessivas
edições das Obras Completas de Humberto de Campos foram publicadas por diversas
editoras (José Olympio, Mérito, W. M. Jackson, Opus) até 1983.
As
constantes preocupações de ordem financeira, as quais o obrigavam a redigir diariamente
crônicas, contos e artigos de crítica literária a fim de garantir sua
subsistência, bem como os prolongados problemas de saúde que resultaram em uma
morte prematura, impediram Humberto de Campos de se debruçar sobre projetos
literários de maior envergadura, razão pela qual parcela substancial de sua
bibliografia é constituída de coletâneas de seus escritos, os quais constituem
útil instrumento para a análise da vida cotidiana e literária dos anos 1910,
1920 e 1930 no Brasil. A temporalidade que caracteriza essa parcela substancial
de sua bibliografia parece ser a principal razão para o pouco interesse que
atualmente o seu nome desperta entre os leitores e no meio acadêmico.
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