Nos despedimos hoje do nosso
homenageado do mês, o primeiro grande biógrafo das letras maranhenses, Antônio
Henriques Leal, autor do Pantheon Maranhense, obra de fôlego e vultuosa enciclopédia
literária, criando entre nós o mito da Atenas Brasileira. Se é verdadeiro que
muitos dos que fizeram parte da sua coleção de cabeças coroadas da letras
ludovicenses não faziam jus a esta distinção, e nisto estou de acordo, só o
fato de figurar um Gonçalves Dias justifica toda a fama e profundo respeito que
devemos ter por esta sua obra meritória.
Apanho aqui, como exemplo notório,
o caso de Ló, um justificado bíblico. Pois em colóquio com Deus, o Senhor
expressou a sua determinação de destruir aquelas cidades de Sodoma e Gomorra,
pela depravação e devassidão que reinava nelas. E Ló argumentava em favor das
cidades, e Deus disse que se existissem mil almas retas e tal não destruiria, mas
Ló sabia que tal não acontecia e dizia e se só existirem cem, e Deus aquiescia,
e se só existirem dez, tudo bem, e se só existir uma? Mas nem essa havia. E
Deus resolveu destruir as cidades e mandou que Ló levasse sua mulher e suas
duas filhas e fugisse da cidade sem olhar para trás. É a história que a mulher
olhou desobedecendo e virou estátua de sal, petrificada (mas como gosta de desobedecer a mulher!, antes desobedecera, na história da maçã, rss).
Pois é este um, Gonçalves Dias,
que justifica o calhamaço escrito em 4 tomos, cada um deles com cerca de 370 a
430 páginas. Para a nossa época dos cento e quarenta caracteres de certa rede
social, como canal de informação, comunicação, expressão e formulação de uma ideia
e pensamento, a obra de Henriques Leal é um trabalho notável e digno de leitura e conhecimento. E havia
João Lisboa, Odorico Mendes, e outros homens de valor, que não se pode negar ou
apagar, que fazem parte deste trabalho memorável do escritor e professor Henriques
Leal.
Aqui, algumas páginas da edição original desse seu trabalho. Não se pode riscar o passado com papo furado. Simplesmente
dizendo: ah, aqueles caras não valiam nada. O Pantheon Maranhense é um blefe. A
Atenas Brasileira é apenas um mito. Que bom que tenha virado mito, uma vez que,
como sabemos, os mitos, para o bem ou para o mal, são sempre eternos. (RF)
Nota: pedimos desculpas pela qualidade técnica do abaixo publicado, mas a vida não é sempre limpa, linda, brilhante. Também tem suas manchas, borrões, e sujeira.
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