RINDO CASTIGA-SE
OS COSTUMES
É
aqui na Coluna QUARTA FEIRA É DIA DE RF, do nosso blog LITERATURA LIMITE (não
deixe de acessá-lo www.literaturalimite.com.br),
que você encontra a velha e nova e sempre boa Literatura, bem como assuntos
atuais, todos eles relacionados com a cultura, a política, a sociedade
brasileira, em toda a sua complexidade.
Vejam só: estamos a um ano exatamente
das eleições e nossos parlamentares chafurdam na iniquidade de suas leis e
decisões, procurando dar um aspecto de moralidade ao que é baixo e sórdido.
No fundo, procuram salvar e estender
seus mandatos por mais quatros anos. Tudo o que fazem é pensando na reeleição.
O Brasil e o povo que “se exploda”.
Aqui e ali, o Senado vai lá e revisa,
corrige algumas trapaças mais berrantes. Mas a diferença moral e política da
Câmara Alta para a Câmara Baixa é insignificante e se pode medir em míseros
centímetros.
Seja na grande mídia ou nas redes
sociais um olhar atento, abrangente constata que a maioria dos brasileiros está
num poço sem fundo: a primeira cumpre uma agenda globalista terrível, em que se
incluem alguns poucos magnatas, bancos, e organizações políticas a serviço
desse capital financeiro, político e cultural.
ONU, UNESCO, OEA servem a este
multiculturalismo de uma esquerda que se disfarça, que assume formas diversas
para fincar raízes e dominar a partir das escolas, universidades, entidades e
eventos culturais, como exposições, festivais, encontros musicais, jornadas
literárias, cujo público alvo, se torna visível isto agora, são as crianças
indefesas e os adolescentes dispostos a tudo para reafirmar e formar suas
personalidades.
Percebendo que não podem mais fazer
suas “revoluções” pelas armas, e sentindo que outras forças sociais caminham no
sentido inverso e começam a questionar, boicotar, enfrentar e combater esses
grupos extremistas e radicais, voltaram-se contra aquilo que representa o
coração e o futuro da nossa sociedade que é a infância. E não se enganem: umas
das agendas dessa turma da LGBT é, não por acaso, a liberação da pedofilia e
práticas sexuais não convencionais, tentando arrancar pela raiz alguns valores
fundamentais da civilização humana.
E imaginem: o tema desta matéria é o humor. O
humor político que tanta falta faz neste início do século XXI aqui em nossa
terra. Lembro o famoso Sérgio Marcus Rangel Porto,
o Sérgio Porto. Cronista, escritor, radialista e compositor brasileiro, mais conhecido
por seu pseudônimo Stanislaw Ponte Preta, com o qual assinou os três volumes de
uma das obras primas do humor político brasileiro: FEBEAPÁ – FESTIVAL DE
BESTEIRA QUE ASSOLA O PAÍS. Publicados em 1966, 1967 e 1968, a Companhia das
Letras reuniu os três volumes em um só, publicado em 2015. Na próxima quarta nos deteremos mais no
conteúdo dessa obra que além de muito humor é também uma página viva da nossa
história, principalmente os anos da chamada revolução de 64, na verdade golpe
e, depois, ditadura militar, que ele batizou, com o sarcasmo que lhe era
característico, de “a redentora”.
Outro escritor que enveredou pelo humor
político foi o jornalista e escritor alagoano Sebastião Nery, autor da série de
livros Folclore Político, pois ele mostra que existem duas histórias políticas:
uma é a oficial, pomposa e solene, que se vê no noticiário dos jornais e das
tevês, que está nas revistas, com declarações estudadas e calculadas pelos
políticos. Denúncias, articulações, tramas e notas nem sempre verídicas, tudo
coberto por um grande manto de grave seriedade, e também, de uma certa e velada
hipocrisia; a outra, é risonha, marota, debochada, contada em segredo nos gabinetes fechados, na sala do cafezinho
do Senado e da Câmara, nos grotões mais distantes e até nas alcovas. Sobre a
obra de humor político deste ex-deputado e jornalista voltaremos a falar em
outra ocasião.
Mas, encerramos aqui essa cantilena
toda com o precursor do humorismo na política brasileira: o jornalista e escritor
Apparício Fernando de Brinkernoff Torelly, também conhecido por Apporelly e
pelo falso título de nobreza de Barão de Itararé, nascido na cidade de Rio
Grande em 29 de janeiro de 1895 e falecido no Rio de Janeiro em 27 de novembro
de 1971.
Apparício iniciou-se no humorismo ainda
estudante num internato em São Leopoldo, em 1908, para onde fora mandado, no
jornalzinho “Capim Seco”, onde satiriza a disciplina rígida do colégio dos padres
jesuítas.
Em 1918 abandona o curso de Medicina e
começa a escrever, tendo publicado por essa época sonetos e artigos em jornais
e revistas.
Em 1925, já no Rio de Janeiro, entra
para o jornal O Globo de Irineu Marinho, e após a morte deste foi convidado por
Mário Rodrigues (pai do fenomenal Nelson Rodrigues) para ser colaborador do
jornal “A Manhã”.
Apparício Torelly estreou na primeira
página, em dezembro daquele ano, com seus sonetos de humor que tinham como tema
geralmente um político da época. Sua coluna fez tanto sucesso que, em 1926, ele
passou a assinar uma coluna também na primeira página como o nome de “A Manhã
tem mais...”
Neste mesmo ano de 1926 criou o jornal
semanário que se tornaria o jornal de humor mais popular e de maior sucesso da
história do Brasil. No estilo de paródias, uma de suas marcas favoritas, o
jornal se chamava A Manha, usando a
mesma tipologia do jornal em que trabalhava, e ele simplesmente suprimiu o til,
fazendo aí a diferença, reforçada com a frase ladeando o título: “Quem não
chora, não mama”.
Sabem como e porquê passou a chamar-se
de Barão de Itararé? É que durante a Revolução de 1930, quando Getúlio Vargas
partiu de trem em direção à capital federal, então o Rio de Janeiro, a imprensa
alardeou que haveria uma batalha sangrenta em Itararé e Aporelly não ficou de
fora desta tendência também noticiando o fato.
Diziam que esta batalha ocorreria entre
as tropas fiéis ao presidente Washington Luís e as da Aliança Liberal que, sob
o comando de Getúlio Vargas, vinham do
Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para a tomada do poder. A cidade
de Itararé fica na divisa de São Paulo e Paraná, mas antes que houvesse a batalha “mais
sangrenta da América do Sul”, fizeram acordos. Uma junta governativa assumiria o poder no Rio de Janeiro e assim não houve nenhum conflito. Apparício, já usando
o título de Barão de Itararé, comentaria este fato mais tarde da seguinte
maneira:
“Fizeram acordos. O Bergamini pulou em cima
da prefeitura do Rio, outro companheiro que nem revolucionário era ficou com os
Correios e Telégrafos, outros patriotas menores foram exercer o seu patriotismo a tantos por mês em cargos
de mando e desmando... e eu fiquei chupando o dedo. Foi então que resolvi
conceder a mim mesmo uma carta de nobreza.
Se eu fosse esperar que alguém me reconhecesse o mérito, não arranjava nada.
Então passei a Barão de Itararé, a batalha que não houve”.
Na verdade em outubro de 1930,
Apparício se autodeclarara Duque nas
páginas do seu semanário A Manha:
“O Brasil é muito grande para tão
poucos duques. Nós temos o quê por aqui? O Duque Amorim, que é o duque
dançarino, que dança muito bem mas não briga e o Duque de Caxias que briga
muito bem, mas não dança. E agora
eu, que brigo e danço conforme a música”.
Mas como ele próprio anunciaria semanas
depois, “como prova de modéstia, passei a Barão”.
Muitos anos depois, quando surgiu O
PASQUIM, seus criadores e editores Jaguar, Millôr, Ziraldo e o demais não
cansavam de afirmar que o Barão de Itararé era uma espécie de patrono d`O
Pasquim, pois realmente foi ele o grande pioneiro e criador do jornalismo de
humor na política brasileira.
A seguir, 40 frases do nosso grande
Barão de Itararé:
O que se leva desta
vida é a vida que a gente leva.
A criança diz o que
faz, o velho diz o que fez e o idiota o que vai fazer.
Os homens nascem
iguais, mas no dia seguinte já são diferentes.
Dizes-me com quem
andas e eu te direi se vou contigo.
A forca é o mais
desagradável dos instrumentos de corda.
Sábio é o homem que
chega a ter consciência da sua ignorância.
Não é triste mudar de
ideias, triste é não ter ideias para mudar.
Mantenha a cabeça
fria, se quiser ideias frescas.
O tambor faz muito
barulho, mas é vazio por dentro.
Genro é um homem
casado com uma mulher cuja mãe se mete em tudo.
Neurastenia é doença
de gente rica. Pobre neurastênico é malcriado.
De onde menos se
espera, daí é que não sai nada.
Quem empresta, adeus.
Pobre, quando mete a
mão no bolso, só tira os cinco dedos.
O banco é uma
instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas
suficientes de que não precisa de dinheiro.
Tudo seria fácil se
não fossem as dificuldades.
A televisão é a maior
maravilha da ciência a serviço da imbecilidade humana.
Este mundo é redondo,
mas está ficando muito chato.
Precisa-se de uma boa
datilógrafa. Se for boa mesmo, não precisa ser datilógrafa.
O fígado faz muito mal
à bebida.
O casamento é uma
tragédia em dois atos: um civil e um religioso.
A alma humana, como os
bolsos da batina de padre, tem mistérios insondáveis.
Eu Cavo, Tu Cavas, Ele
Cava, Nós Cavamos, Vós Cavais, Eles Cavam. Não é bonito, nem rima, mas é
profundo…
Tudo é relativo: o
tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.
Nunca desista do seu
sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra!
Devo tanto que, se eu
chamar alguém de “meu bem”, o banco toma!
Viva cada dia como se
fosse o último. Um dia você acerta…
Tempo é dinheiro.
Paguemos, portanto, as nossas dívidas com o tempo.
As duas cobras que
estão no anel do médico significam que o médico cobra duas vezes, isto é, se
cura, cobra, e se mata, cobra.
O voto deve ser
rigorosamente secreto. Só assim, afinal, o eleitor não terá vergonha de votar
no seu candidato.
Em todas as famílias
há sempre um imbecil. É horrível, portanto, a situação do filho único.
Negociata é um bom
negócio para o qual não fomos convidados.
Quem não muda de
caminho é trem.
A
moral dos políticos é como elevador: sobe e desce. Mas em geral enguiça por
falta de energia, ou então não funciona definitivamente, deixando desesperados
os infelizes que confiam nele.
Pesquisa e texto final:
Raimundo Fontenele
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