22 de set. de 2016

CRÔNICAS DO PUCUMÃ

A coluna QUARTA É DIA DE RF do nosso blog Literatura Limite (literaturalimite.blogspot.com.br) traz um novo episódio das CRÔNICAS DO PUCUMÃ, uma série de postagens para todos que se interessam pela leitura, pela história e pelo conhecimento, em forma de crônicas, relatos e entrevistas acerca dos acontecimentos que se relacionam com a História do Município de São Domingos do Maranhão, conhecido, principalmente desde o seu descobrimento até a década de 60, como São Domingos do Zé Feio. A partir desta  quarta-feira, o tema central de nossas crônicas serão as campanhas políticas, as eleições e suas consequências na vida do nosso município.



ALGMAS CAMPANHAS POLÍTICAS MEMORÁVEIS

        Os anos cinquenta compreendem o período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, em que o mundo que estivera envolvido no conflito procurava agora lamber as feridas, e reconstruir o que fora devastado.
Feita a divisão e partilha pelos vencedores, parte das nações se aglutinaram em torno da URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, cujo regime viria se constituir mais tarde numa feroz ditadura, com o assassinato e expurgo de milhões de cidadãos que não aderiram à causa comunista. Entre estes estavam Alemanha Oriental, Polônia, Hungria, Tchecoslováquia, Romênia e outros países satélites.
O chamado mundo livro, capitaneado pelo Estados Unidos, Grã-Bretanha e França  compreendia ainda a Alemanha Ocidental, a Itália e demais países que fizeram do liberalismo e da democracia participativa seu credo político, prezando sobretudo a liberdade social e o livre mercado.
E nós com isso? O Brasil que vivia até então sob o governo ditatorial de Getúlio Vargas, herdeiro do poder após a Revolução de 30, se viu forçado a tomar partido na guerra, e o Getúlio, que nada tinha de revolucionário e era muito mais uma raposa política e um caudilho gaúcho, optou por alinhar o Brasil aos países aliados, tendo inclusive, enviado o famoso batalhão da FEB – Força Expedicionária.
Em solo italiano, os carinhosamente chamados de pracinhas brasileiros, sob a chefia do General Humberto de Alencar  Castello Branco, participaram ainda de algumas escaramuças e batalhas em Montese e voltaram ao Brasil sendo recebidos e festejados como heróis.
Esse mesmo Castelo Branco que na Itália lutou contra a ditadura nazifascista, também aqui no Brasil enfrentou a turma comunista e de esquerda que pegou em armas para implantar uma chamada ditadura do proletariado, teve, na cidade de Porto Alegre, seu nome retirado de uma importante Avenida que passou a se chamar Avenida da Democracia e da Legalidade.
Coisa de uns políticos de esquerda e gaúchos fanfarrões que, no entanto, não retiraram o nome de Getúlio Vargas, sabidamente um ditador, de uma também importante avenida no bairro Menino Deus. Essa turma do PT nem com a história aprende nada. Sectário e fundamentalista, é um partido que procura apenas impor pelo voto e pela força (se tivesse) os seus pontos de vista.
Ah, deixemos esses cabras pra lá e vamos cuidar de nossas Crônicas do Pucumã.
Assim, tornou-se insustentável a continuação de um regime ditatorial chefiado por Getúlio Vargas que acabou caindo, com a volta do regime democrático, sob forte influência da política norte-americana, culminando com a eleição do General Eurico Gaspar Dutra, para presidente da república.
Este tomou várias medidas visando a volta do estado de direito e a democratização do país, como a legalização de todos os partidos, inclusive do Partido Comunista que, durante toda a ditadura getulista, estivera na clandestinidade e a realização, em seguida, de eleições para governadores dos Estados, que vinham sendo nomeados pelo governo federal e recebiam a denominação de Interventores.
No Maranhão, vários foram os Interventores nomeados por Getúlio Vargas, dentre os quais destacamos: Luso Torres, cursou a Escola Militar, foi deputado e prefeito de São Luís, comandara o 24º Batalhão de Caçadores; José Maria dos Reis Perdigão, jornalista e adepto dos ideais tenentistas; Astolfo Serra, ordenou-se sacerdote em 1925 e militou na política através da Aliança Nacional Libertadora; Antônio Martins de Almeida, capitão do exército exerceu também a interventoria do Piauí e Lourival Seroa da Mota, capitão do exército, natural do Rio de Janeiro e um dos comandantes da Coluna Prestes.
Para ajudá-lo na tarefa de governar o Maranhão e colocar ordem na política e nas finanças locais, o Interventor Capitão Antônio Martins de Almeida trouxe em sua companhia o pernambucano Vitorino de Brito Freire, que havia conhecido durante a revolução constitucionalista de São Paulo, e o nomeou para ocupar a Secretaria de Governo, órgão encarregado de conduzir a política estadual.
Começava, assim, no Maranhão, o surgimento de um reinado político que duraria décadas e teria influência determinante na política maranhense: o reinado de Vitorino Freire, que sem dó nem piedade era acusado e denunciado pela prática de desmandos policialescos e maldades cometidas contra os oposicionistas, os quais, de fato, era realizados por grupos paramilitares, conhecidos como Bando de Papai Noel.
O certo é que tal prática fez escola e alastrou-se na política do interior maranhense. Prefeitos e chefes políticos municipais, quando alinhados com o Governador de plantão, fosse ele quem fosse, podiam dispor dos destacamentos policiais para prender seus adversários; podiam recorrer aos Coletores para intensificar a fiscalização nos estabelecimentos comerciais de seus opositores; podiam, também, com o aval de seus deputados representantes junto ao Poder Estadual transferir funcionários públicos e professores, e demiti-los quando possível, para dificultar-lhes,  ainda mais, a vida.
Outros chefes políticos mais ousados, à falta de um destacamento policial na cidade que lhe servisse de força, montavam sua própria força contratando verdadeiros jagunços e matadores profissionais.
Lembro, porém, que isso não foi exclusividade da prática política em São Domingos do Maranhão, mas acontecia na maioria dos municípios maranhenses, enfim, eram aqueles anos em que Vitorino Freire dominou o Maranhão e implantou um reinado de truculência contra os que fizessem oposição ao seu enorme poder.

              

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