A coluna QUARTA É
DIA DE RF do nosso blog Literatura Limite (literaturalimite.blogspot.com.br) traz
um novo episódio das CRÔNICAS DO PUCUMÃ, uma série de postagens para todos que
se interessam pela leitura, pela história e pelo conhecimento, em forma de
crônicas, relatos e entrevistas acerca dos acontecimentos que se relacionam com
a História do Município de São Domingos do Maranhão, conhecido, principalmente
desde o seu descobrimento até a década de 60, como São Domingos do Zé Feio. A
partir desta quarta-feira, o tema
central de nossas crônicas serão as campanhas políticas, as eleições e suas
consequências na vida do nosso município.
ALGMAS CAMPANHAS POLÍTICAS MEMORÁVEIS
Os anos cinquenta
compreendem o período imediatamente posterior à Segunda Guerra Mundial, em que
o mundo que estivera envolvido no conflito procurava agora lamber as feridas, e
reconstruir o que fora devastado.
Feita a divisão e partilha pelos vencedores, parte
das nações se aglutinaram em torno da URSS – União das Repúblicas Socialistas
Soviéticas, cujo regime viria se constituir mais tarde numa feroz ditadura, com
o assassinato e expurgo de milhões de cidadãos que não aderiram à causa
comunista. Entre estes estavam Alemanha Oriental, Polônia, Hungria,
Tchecoslováquia, Romênia e outros países satélites.
O chamado mundo livro, capitaneado pelo Estados
Unidos, Grã-Bretanha e França
compreendia ainda a Alemanha Ocidental, a Itália e demais países que
fizeram do liberalismo e da democracia participativa seu credo político,
prezando sobretudo a liberdade social e o livre mercado.
E nós com isso? O Brasil que vivia até então sob o
governo ditatorial de Getúlio Vargas, herdeiro do poder após a Revolução de 30,
se viu forçado a tomar partido na guerra, e o Getúlio, que nada tinha de
revolucionário e era muito mais uma raposa política e um caudilho gaúcho, optou
por alinhar o Brasil aos países aliados, tendo inclusive, enviado o famoso
batalhão da FEB – Força Expedicionária.
Em solo italiano, os carinhosamente chamados de
pracinhas brasileiros, sob a chefia do General Humberto de Alencar Castello Branco, participaram ainda de
algumas escaramuças e batalhas em Montese e voltaram ao Brasil sendo recebidos
e festejados como heróis.
Esse mesmo Castelo Branco que na Itália lutou
contra a ditadura nazifascista, também aqui no Brasil enfrentou a turma
comunista e de esquerda que pegou em armas para implantar uma chamada ditadura
do proletariado, teve, na cidade de Porto Alegre, seu nome retirado de uma
importante Avenida que passou a se chamar Avenida da Democracia e da
Legalidade.
Coisa de uns políticos de esquerda e gaúchos
fanfarrões que, no entanto, não retiraram o nome de Getúlio Vargas, sabidamente
um ditador, de uma também importante avenida no bairro Menino Deus. Essa turma
do PT nem com a história aprende nada. Sectário e fundamentalista, é um partido
que procura apenas impor pelo voto e pela força (se tivesse) os seus pontos de
vista.
Ah, deixemos esses cabras pra lá e vamos cuidar de
nossas Crônicas do Pucumã.
Assim, tornou-se insustentável a continuação de um
regime ditatorial chefiado por Getúlio Vargas que acabou caindo, com a volta do
regime democrático, sob forte influência da política norte-americana,
culminando com a eleição do General Eurico Gaspar Dutra, para presidente da
república.
Este tomou várias medidas visando a volta do estado
de direito e a democratização do país, como a legalização de todos os partidos,
inclusive do Partido Comunista que, durante toda a ditadura getulista, estivera
na clandestinidade e a realização, em seguida, de eleições para governadores
dos Estados, que vinham sendo nomeados pelo governo federal e recebiam a
denominação de Interventores.
No Maranhão, vários foram os Interventores nomeados
por Getúlio Vargas, dentre os quais destacamos: Luso Torres, cursou a Escola
Militar, foi deputado e prefeito de São Luís, comandara o 24º Batalhão de
Caçadores; José Maria dos Reis Perdigão, jornalista e adepto dos ideais
tenentistas; Astolfo Serra, ordenou-se sacerdote em 1925 e militou na política
através da Aliança Nacional Libertadora; Antônio Martins de Almeida, capitão do
exército exerceu também a interventoria do Piauí e Lourival Seroa da Mota,
capitão do exército, natural do Rio de Janeiro e um dos comandantes da Coluna
Prestes.
Para ajudá-lo na tarefa de governar o Maranhão e
colocar ordem na política e nas finanças locais, o Interventor Capitão Antônio
Martins de Almeida trouxe em sua companhia o pernambucano Vitorino de Brito
Freire, que havia conhecido durante a revolução constitucionalista de São
Paulo, e o nomeou para ocupar a Secretaria de Governo, órgão encarregado de
conduzir a política estadual.
Começava, assim, no Maranhão, o surgimento de um
reinado político que duraria décadas e teria influência determinante na
política maranhense: o reinado de Vitorino Freire, que sem dó nem piedade era
acusado e denunciado pela prática de desmandos policialescos e maldades
cometidas contra os oposicionistas, os quais, de fato, era realizados por
grupos paramilitares, conhecidos como Bando de Papai Noel.
O certo é que tal prática fez escola e alastrou-se
na política do interior maranhense. Prefeitos e chefes políticos municipais,
quando alinhados com o Governador de plantão, fosse ele quem fosse, podiam
dispor dos destacamentos policiais para prender seus adversários; podiam
recorrer aos Coletores para intensificar a fiscalização nos estabelecimentos
comerciais de seus opositores; podiam, também, com o aval de seus deputados
representantes junto ao Poder Estadual transferir funcionários públicos e
professores, e demiti-los quando possível, para dificultar-lhes, ainda mais, a vida.
Outros chefes políticos mais ousados, à falta de um
destacamento policial na cidade que lhe servisse de força, montavam sua própria
força contratando verdadeiros jagunços e matadores profissionais.
Lembro, porém, que isso não foi exclusividade da
prática política em São Domingos do Maranhão, mas acontecia na maioria dos
municípios maranhenses, enfim, eram aqueles anos em que Vitorino Freire dominou
o Maranhão e implantou um reinado de truculência contra os que fizessem
oposição ao seu enorme poder.
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