para a amiga Eliene Matos
Dormir
pensando em você
uma
maneira de não ser
um
homem com gesto ou palavra,
sem luz
e um escuro na alma
por
nunca mais ter você.
Tantos
anos se passaram
luas,
enchentes, invernos
tantas
coisas renasceram
na
minha descida aos infernos.
Mas,
como Dante, voltei
e mesmo
sangrando pensei
que a
vida é um dom, é um fado.
E o que
importa é viver
mesmo
chorando, calado.
Destino
do amor é isso,
essa
bomba no peito, inflada
que
explode a qualquer momento.
Dor e
tormento, eis a sina
de
amar-se tanto por nada.
E, no
entanto, não cessa,
nem
cede a parca esperança.
Mais
que amor é uma criança
perdida
entre seus brinquedos,
ou um
adulto e seus medos
a quem o amor não alcança.
Amar eu
te amo, e quanto!
Nem é
possível medir,
pois
não há régua no mundo
que
possa exprimir, num verso,
sentimento
tão profundo.
Nem
palavra musicada,
nem
beijo de língua, estalando,
nem o
abraço mais apertado
transmitem
mais alegria
ou
descompassada euforia
que um
coração tresloucado.
Oração,
por isso rezo. Oro. Suplico.
Peço
perdão, de joelhos.
Falo
pelos cotovelos,
arrependido
de tudo,
do que
fiz e do que já não faço,
do que
fui e do que não sou.
Ah,
este fardo invisível,
que
tanto pesa em meus ombros,
e esta
vida toda de enganos
de sofrer por teu amor.
Raimundo Fontenele / Poeta maranhense
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