Estamos
de volta com a coluna Quarta-Feira é Dia de RF da qual estivemos ausentes em
algumas datas. Faz parte do viver o ausentar-se, o sofrer doenças inesperadas,
o desgaste físico e mental a que estamos submetidos num país em que parte do nosso
esforço, da nossa energia são praticamente desperdiçados nesta luta vã contra
os “podres poderes” da República.
Um país
em que os grandes senhores e senhoras do poder se chamam Lula, Renan, Temer,
Dilma, Gilmar Mendes, Aécio, o dúbio FHC, e outros tantos calhordas que deixo
de nomear para não sujar ainda mais este blog com a lembrança dos seus nomes e
dos seus feitos, repito, um país assim está sempre à beira do abismo.
Melhor
mesmo é um pouco de poesia, esse bálsamo sagrado para corações feridos... (RF)
NUMAR
o mar aborta
e
corta
na praia seu nome.
o itinerário perdeu-se
numa onda a ondular
faceira suas ondas.
e a moça sorriu
sorrindo
rindo
o sorriso era lindo
e
foi-se embora.
A
CAUDA DA ESTRELA
Vaporizante muda
onde este anseio cala
fundo
e
estende as mãos para tocar-te.
Doce lírio
cravo no madeiro que
sangra
sinal de uma espera
irremovível
das
penas de todos os pássaros.
Risco e rabisco o céu
com a omoplata
risco-rabisco
o mundo.
Junto a tarde com os
dedos
e submerso entre cruzes
rutilantes
toco-te
a cauda, caudal vagalume.
Junto a noite com os
olhos
e de repente ela se
apaga e vai
pombo cinzento cerrado
de neblina.
MEIODIA
médio e eterno
nasce o meio dia
na treva da amanhã
no sol da tarde
o meio dia cresce
rompe anula
a sombra que pairou
por sobre o mundo
e corta o dia
em metades unas
presas ao ser do sol
quando este expande
seus raios para a carne
ou
para o bronze
POEMA
23
as demências se
descobrem todas
quando a gaivota de
caídas penas
levanta voo para ver de
cima
no batente da noite
adormecidos
senhores e senhoras se
faziam
na cera amarga da argila
nova
e ante o mundo ajoelhado
dorme
um bezerro de sono
apodrecido
quando tarrafas soltas
marlançadas
procuram um homem no
riachomundo
vi no portão gravada a
dura imagem
duma
criança a nascer do seu futuro
MORTE
E RESSURREIÇÃO
A dor que vem é cega, e
onde bate prega
seus tentáculos de cruz,
me obriga a carregar
as insônias da noite que
o dia não renega
e o remédio que existe é
aceitar.
Enfim, cavei, com os
próprios pés, a tumba
de onde nunca se pode
levantar
para viver entre os
vivos, ferozmente,
esse vício que é um jogo
de azar.
Ê! Mal sorte, ê estribilho
de bêbado,
cão sem latir, isso é
destino?
É maldição? O que há?
Nuvens ocultam lágrimas,
não mentem
sobre si os lábios
murchos;
mas, quem sabe, talvez
possa voltar
para viver de novo essa
roleta russa.
É um eterno morrer.
É
um eterno ressuscitar.
Raimundo
Fontenele
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