24 de ago. de 2017

É FERRO NA BONECA

              Gosto muito dessa expressão novobaianista dos anos setenta. Pelo menos eu a ouvi por esta época, titulando, inclusive, uma música e um disco dos Novos Baianos, com quem estivemos, eu e  um grupo de artistas maranhenses, no tempo em que éramos bichos grilos, num casarão lá pelos lados da Rua Jansen Müller.
            Retomo então esta expressão para tecer algumas considerações, fazer alguns comentários, esboçar certos pensamentos, constatar algumas verdades, assim mesmo, tudo muito vago, impreciso e incerto: alguns, algumas e a primeira delas é, politicamente falando:  a decepção não foi só a geração de meus pais e avós, e a minha própria geração. O pior, o mais amargo no céu da boca, é a decepção com a geração dos filhos e netos.
            Só aqui, pelos meus cálculos, e poetas calculam mal, penso, à exceção do Joaquim Cardozo, poeta, engenheiro e matemático da equipe de Niemeyer na construção de Brasília, são cinco gerações perdidas.
            Agora que nos livramos de Portugal, o Brasil vai. Não foi. Viva o Império, Abaixo o Império. Deu em nada. Mas agora com essa Velha República, o negócio vai. E foi terminar na política do café com leite. Deixem o Getúlio entrar pra História com seu Estado Novo.  Sai pra lá Filinto Müller, ninguém suporta mais. Vamos pra Redemocratização com Dutra, Juscelino quando construiu Brasília também deixou em aberto as burras do tesouro, e todos se locupletaram.
            E vem o louco de pés trocados, Jânio, e com a renúncia agora os comunistas tomam o poder. E tomariam. Não fosse o golpe militar que virou uma Ditadura feroz pra combater ferozes comunistas. E tome Constituições. 1824. 1891. 1934. 1937. 1946. 1967. 1988.  Exatamente 7. Lembro que quando era criança e chegava com esse número 7, minha mãe me dizia: “sete é conta de mentiroso”. E como acredito mais em minha mãe (que já se foi) do que nessas constituições, concluo: sim, um país com 7 constituições é uma grande mentira. O Brasil é, pois, como nação, como país, uma mentira.
            Retrocedo o texto. Falei em Juscelino e em Brasília? Em 1976, trabalhando como assessor do jornalista Adirson Vasconcelos fui incumbido de levantar todas as notícias de jornais que faziam referência à necessidade da construção de uma nova capital, que era uma aspiração já na época do Império. Pois bem, durante a construção da Novacap (nome da empresa que construiu Brasília, presidida por Israel Pinheiro), uma citação de jornal fazia referência à corrupção havida, com uns versinhos singulares, e que falavam da Companhia Vale do Rio Doce: peguei o vale, comi o doce e bebi toda a água. Pratrasmente deve ter havido roubalheira e corrupção, mas acho que foi a partir dali que o negócio veio crescendo juntamente com o número de estatais que também crescia. Até se tornar nessa vergonha dos dias de hoje. Inclusive, doa em quem doer, com a grande participação do capitão do mato Lula da Silva. Jeca Tatu às avessas. Cabendo direitinho num personagem macunaímico: mais que herói um patife sem nenhuma caráter.
            Constituição de 1988, a salvação da lavoura, a constituição cidadã, mais furada do que tábua de pirulito. Furada e remendada. Desrespeitada. Adaptada aos interesses escusos de cidadãos eleitos com o nosso voto. Os caras do andar de cima, quer dizer, os que residem nas coberturas, que procuram se proteger com seus mandatos, seus foros privilegiados, com a conivência de togados do Supremo e de tantos outros tribunais ocupados por bastardos, no sentido de não serem legítimos e zelosos cumpridores das leis. Trêfegos em todas as instâncias. A classe média, que ocupam os apartamentos intermediários, espremida, uns gozando os beneplácitos das direções sindicais, dos cargos de direção, os CCs, semi-analfas que saem dos sindicatos para dirigir Agências reguladoras, e toda a sorte de gente, profissionais liberais, gente da iniciativa privada, pequenos e médios empresários e lá embaixo, forçando a barra, querendo sair do atoleiro e da miséria, conduzidos pra qualquer lado, levados pelo cabresto dos seus donos, está a multidão de desvalidos, os sem isso e sem aquilo. Sem pão e sem teto. Sem lei e sem justiça.
            É o que temos. De povo sociologicamente educado e cordial, o que temos hoje são multidões de ariranhas raivosas, à esquerda e à direita, cumprindo um papel que lhes foi sendo destinado maquiavelicamente: jogados uns contra os outros. Brancos contra pretos. Sulistas x nordestinos. Maniqueísmo desavergonhado. Se é branco não presta, é opressor. Se é negro é bom, é vítima. Mas não estão mais juntos, lutando por ideais de igualdade.  Foram jogados numa arena romana pra se digladiarem e lá na platéia, em seus assentos luxuosos, os manipuladores assistem com um riso no canto da boca, gente de toda espécie lutando e se matando pela defesa dos seus privilégios, esses assentos luxuosos que gente chama de auxílio moradia, jetons, carros oficiais, gente pra puxar a cadeira para que eles se sentem, babás, secretárias, governantas, mordomos, bessias, todos pagos com o dinheiro público. Peraí, cara pálida, nem é dinheiro público. Não existe dinheiro público. É com o nosso dinheiro, fruto do nosso trabalho, do nosso suor e, em última instância, até do nosso sangue.

            Antes de prosseguir, não pensem que é só o Lula, não. Temer, Aécio, Alckmin, FHC, Sarney, Collor, Dilma, Dória, Maia, Calheiros, Barbalhos, os outros todos, pensam em construir seus feudos, a presidência da república é, pra eles, apenas um cofre recheado e a luta é pela posse da chave desse cofre. Nunca estivemos cercados por tantos homens públicos medíocres, desprovidos de honra e de dignidade, nunca a honestidade, o fervor pela pátria, o zelo por esta nação esteve entregue a mãos tão mesquinhas, incompetentes, enxovalhadas e manchadas com as provas sujas do butim, do saque.
            E agora?
            Agora, nós estamos aqui, descendo a ladeira. Brigando uns contra os outros. Nos odiando e ofendendo uns aos outros. Cumprindo o que para nós foi muito bem orquestrado, planejado, executado. Desde a escola permissiva. A educação a La Paulo Freire, implantada já no Governo do FHC. O tal de método construtivista. Não há ensinamento e saber a serem transmitidos do professor para o aluno. Isso, segundo Paulo Freire, seria uma educação burguesa. Tudo deve ser construído na sala de aula pelos professores e alunos, de forma igualitária, sem hierarquia, abolindo a rigidez da disciplina, deixando em segundo plano a avaliação e o aprendizado. E tome doutrinação marxista. Na verdade, mais uma repetição, iguais a papagaios, fazendo a cabeça da moçada. E construindo essa escala de valores new comunistas, sem lei e sem ética, sem dogmas morais, vejam bem, digo dogmas morais e não moralistas.
            Isso se aprofundou nos anos seguintes, nos governos Lula e Dilma. Estão aí as escolas, as universidades, falidas financeiramente, que passam mais da metade dos dias letivos em greve, professores insatisfeitos, outros de professores tornados ideólogos doutrinadores, tentando implantar no Brasil, via Foro de São Paulo, o tal projeto bolivariano.
            Vejam que beleza de projeto. A Venezuela, aqui do lado, é o exemplo mais que perfeito da derrocada desse projeto socialista que não deu certo em lugar do mundo, mas que alguns malucos teimam em preservar, de costas para o futuro, afundados no presente, desgraçados e conscientes da derrocada total daquele sonho irreal dos anos sessenta.
            Agigantou-se o estado de tal forma que ele chegou a ser sócio de fábrica de botões. Parece piada, né? Mas não é. Esqueceu a educação, a saúde e a segurança, mas aprofundou as negociatas, os negócios escusos, a farra de empreiteiros, marqueteiros, congressistas, gente do judiciário, Presidente com seus ministros, todos se fartando com os bilhões de reais oriundos dos nossos impostos. Dinheiro transformado em mansões, carrões, jatinhos, contas bilionárias nos paraísos fiscais. O Brasil transformado num puteiro de luxo, cafetões e cafetinas desfilando jóias caríssimas pelos tapetes suntuosos de palácios governamentais.
            Mas tudo isso faz parte de um projeto global, marxismo cultural, multiculturalismo, seja que nome dêem é uma forma singular de domínio absoluto dos corações e mentes.
            Numa escola da zona norte de São Paulo, a professora propõe um tema: “gênero e sexo na Geografia”, uma conexão maluca e que só faz sentido nesse projeto da esquerda, do new comunismo que é a degradação da moral, da ética, dos valores ocidentais e cristãos. Isso precisa ser afastado por uma quesdtão de mercado. A indústria precisa vender. Hormônios masculinos e hormônios femininos, para que os jovens possam fazer a ponte transgênera que eles dizem que é coisa natural. Mas se é natural, pra que hormônios? Pra nascer barba em mulher e seio em homem? Isso é natural?

            Mas estes alunos não sabem mais quais são as capitais do estados. Isso não é preciso aprender, isso é educação burguesa, segundo os seguidores de Paulo Freire que de professores se transformaram em ativistas e ideólogos.
            Multiculturalismo é o cacete. Não é respeito à diversidade cultural dos povos, mas imposição de uma cultura sobre outra. Tudo dentro de um esquema controlado por alguns poucos e grandes financistas e bancos internacionais, que controlam a mídia global, e todos reproduzem o mesmo pensamento da esquerda, seja a Globo ou Band, ou SBT, ou CNN, ou ABC, NBC, é o mesmo padrão, o mesmo jargão, as mesmas notícias, chapadas, uma lavagem cerebral em escala planetária.

            Todos louvam o Obama e condenam o Trump.  E os imbecis vão na onda. Foi apenas em alguns meses do governante republicano que todos estes problemas raciais afloraram? Durante o governo Obama acontecia mortes e choques raciais, é uma coisa que está na gênese da cultura norte-americana. A Ku Klux Klan foi cria dos Democratas, mas os ativistas atuais nem sabem disso. Foi com Obama no poder que as torres foram bombardeadas. E apareceu o Estado Islâmico. É muita treta pra explicar tudo neste artigo. Apenas levanto lebres. Vocês que tratem de pegá-las pelas orelhas e levá-las às panelas.
            Nazismo X Comunismo? Ambos assassinaram milhões de pessoas inocentes, crianças, mulheres, idosos, minorias. Esquerda ou direita, que importa. Nazismo e Comunismo são os lados da mesma moeda. Assim como no Brasil PT e PSDB, PMDB e PP, junte-se a sigla que se juntar, e o que temos? Faces da mesma moeda.

            Voltando ao globalismo multicultural: convém derrubar dogmas, fé, comportamentos éticos, afastar tudo o que for empecilho à venda dos mais variados produtos. Pentelhos coloridos, mamas e glúteos sintéticos, coisas que parecem insignificantes, mas para a indústria global qualquer centavo vale um milhão, porque os produtos são vendidos em escala planetária. Cada artigo é consumido por bilhões de seres humanos, mas, note-se, seja onde for, essa montanha de dinheiro vai ficar nas mãos de poucos.  Em qualquer dos sistemas que seja a escolha. A grande diferença: no liberalismo ainda se tem a possibilidade de crescer, subir degraus, empreender. No socialismo,  não.  Olhem o planeta terra e me digam onde o socialismo deu certo? Em Cuba? Na Venezuela, na Coréia do Norte? A  China é capitalismo na economia e socialista politicamente. Mas é preciso estudar os fenômenos isoladamente. Por exemplo: como controlar 1 bilhão e 200 milhões de chineses? Como manter funcionando uma máquina gigantesca dessa?
            Posso estar errado, mas como “errare humanum est”, os que pensam diferente de mim também podem estar errados. Mas, o certo é convivermos com os diferentes, respeitando-os, e se fosse possível, apenas por um breve espaço de tempo, olharmos o labirinto quase sem saída em que o Brasil está metido.   E quanto mais dividido mais fácil a queda no abismo.
           Enfim, pensar não dói. Só dói quando o ferro esquenta. O ferro na boneca, ou, como dizem os Novos Baianos, no gogó neném.
            É isso. Ou não. 

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