Continuamos
firmes aqui no nosso Blog LITERATURA LIMITE (www.literaturalimite.com.br),
e a nossa coluna QUARTA FEIRA É DIA DE RF continua trazendo mais três estações
do livro A VIA CRUCIS DE UM POETA SEM NOME. Boa leitura, amigos.
Nona
Estação
AS MÁSCARAS
DO MUNDO
De cinzas e
pranto
é que me
alimento
no carnaval
da vida, meu amor.
Pé-de-chinelo,
bobo, arruaceiro
pra ti não
poderia haver pior.
Se fizeste um
pacto de morte
com forças
que se ocultam na sarjeta
bem poderias
ser um ser sinistro,
sem fama e
sem vontade,
sem dinheiro
e sem dó,
sem piedade
alguma neste mundo
que
escolheste como teu andor.
Um santo nas
quebradas,
sem abrigo
nos morros,
nas praças
execrado
do maior ao
menor.
Um filisteu,
talvez, um vagabundo
com passagem
de ida, e sem ter volta,
na terra que
escolheste pra viver
uma outra
vida, não a tua,
que já não te
pertence:
é uma ilusão,
é nada, é puro pó.
Mas, não. Teimaste
em não viver
e,
por isso vais morrer
não como um
Cristo pregado numa cruz.
Tua morte é o
diário sofrimento,
é dor e
desespero que, em vida,
jamais
tiveram os filhos de Jesus.
Negado,
traído, ou o que seja,
assim vais
padecer
na expiação
de tudo que de ruim fizeste,
sem um
momento de paz,
só trevas,
onde não te
alcance agora
o disfarce de
uma luz.
Uma só, que
te ajude na subida
deste abismo onde
puseste os pés,
por comodismo
e por indolência,
agindo como
agem os infiéis.
Décima
Estação
Não há alívio
para o mal
que o próprio
mal não cure
com outra
dor, talvez, ainda maior,
pois toda
cruz pesada fica leve
neste
calvário de trevas e suor.
Alívio para o
mal? Ó pensamento
presente nestas
chagas que carrego
de tanto
suportar um sofrimento
que não
busquei ao nascer e que renego.
Se ingrato
fui, se crimes pratiquei
nenhum perdão
agora me alcança.
E todo bem
que em vida já sonhei
caiu por
terra, ruiu e, sem esperança,
contrito e,
em prantos, sigo esse caminho
que, mesmo sendo
meu, não o tracei.
Décima Primeira
Estação
SEGUNDA QUEDA
Isto é o fim,
é o meio, é o início da estrada
que devo
percorrer sem um gemido,
sem um ai,
sem lágrimas, perdido
igual ao
peregrino em terra alheia,
que só come o
que planta, e o que semeia
é joio, e não
trigo, é pó, é nada.
Nenhum Simão,
o Cirineu, vem me ajudar
a levantar este
fardo do destino.
Devo fazê-lo
só, pois foi sozinho
que por amor
traí o verbo amar.
As palavras
que falo e tudo o que fiz
tornaram grande
o que julguei pequeno
e o remédio
da cura agora é o veneno
que aos
poucos vai matando este infeliz.
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