Com
estes três poemas, chegamos ao final da divulgação, aqui neste blog LITERATURA
LIMITE (www.literaturalimite.com.br),
na coluna QUARTA FEIRA É DIA DE RF, do meu último livro de poesia publicado, A
VIA CRUCIS DE UM POETA SEM NOME. Na
próxima semana, teremos novidades.
Décima Segunda Estação
TERCEIRA
QUEDA
Um ser disforme, sem
nome e sem passado
invade o nosso sonho e, com
promessas
de uma vida mais digna e
mais segura,
mantém aceso em nós o
facho da loucura.
Caindo e levantando,
assim andamos
em mares de águas
turvas. E, a cada desafio,
nos quedamos sozinho procurando
o leito mais seguro de
algum rio.
Uma outra vida só não
basta, é pouco
para o muito que, da
vida, desejamos:
um castelo de areia e um
grito rouco
é tudo que ouvimos. E
seguimos, assim,
procurando, procurando,
procurando...
Décima
Terceira Estação
MORTE E RESSURREIÇÃO
A dor que vem é cega, e
onde bate prega
seus tentáculos de cruz,
me obriga a carregar
as insônias da noite que
o dia não renega
e o remédio que existe é
aceitar.
Enfim, cavei, com os
próprios pés, a tumba
de onde nunca se pode
levantar
para viver entre os
vivos, ferozmente,
esse vício que é um jogo
de azar.
Ê! Mal sorte, ê
estribrilho de bêbado,
Cão sem latir, isso é
destino?
É maldição? O que há?
Nuvens ocultam lágrimas,
não mentem
sobre si os lábios
murchos;
mas, quem sabe, talvez
possa voltar
para viver de novo esta
roleta russa.
É um eterno morrer.
É um eterno ressuscitar.
Décima
Quarta Estação
O
AMOR: FONTE DA ETERNA JUVENTUDE
Abri os olhos para a
radiosa manhã
com sol e pássaros
cantando
nas entrelinhas dos meus
versos.
Faz um bem ser feliz
e nunca imaginei
fosse a felicidade tão
frágil e duradoura.
Lírios, gaivotas,
travesseiro de plumas e
beijos,
a tarde ainda nem
trouxera o sol
para iluminar os bosques
desta alma
que em segredo se vê:
contrita, sozinha e apaixonada
pela beleza de uma linda
noite
e ofuscada pelo brilho
das estrelas.
Tanto clarão e amor,
tanto chão, tanto tudo
em seu fulgor
para jamais esquecer as
primaveras
com suas reticências...
E
os outonos, com toda a paciência,
que devemos ter quando
amamos.
Trago comigo agora o que
nunca foi meu
e agora é: o copo cheio
de licores finos,
e taças transbordantes
de alegria
quando me olho no
espelho e digo:
esse não sou eu, é só um
signo
das coisas passageiras
e, só por isso,
não passam, permanecem.
E permaneço
à espera de um verão que
enfim chega.
Foi no inverno que tudo
começou,
cheio de guizos, risos e
lembranças.
Foi no inverno que meu
coração floriu
e amei na tarde a rosa
na virilha
e no ombro esquerdo uma
doce cereja.
Foi no inverno que o
amor, com sua presença,
movimentou a roda da
fortuna.
Foi no inverno, enfim,
que aprendi
que quem não morre de
amor vive pra sempre
e que a poesia não é
experiência
é a própria vida
transmutada em versos.
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