19 de out. de 2017

UM POETA GAÚCHO

A nossa coluna QUARTA É DIA DE RF (acesse o blog www.literaturalimite.com.br) traz hoje a presença do poeta gaúcho Carlos Soares, que figura na história da poesia do Rio Grande do Sul como umas das vozes mais importantes pós geração do Quintana. Sua poética, como todo grande fazer poético, concentra-se em alguns pouquíssimos temas, mas os mais relevantes, da natureza humana, que são a própria essência da vida: a emoção, claro, e as investigações filosóficas que fazemos a respeito da morte, da passagem do tempo, da permanência ou não no indivíduo da lucidez ou da loucura, e assim por diante.
         Lucidez e loucura no seu sentido mais amplo e não apenas do ponto de vista médico-científico. Lucidez e loucura que define a humanidade atualmente, muito mais do que estes dogmas inventados pela reles política de direita e esquerda; lucidez e loucura como esquemas comportamentais que afetam a moral e o comportamento individual e expandem-se até o extremo dos comportamentos coletivos das massas, e dos nefandos manipuladores destas mesmas massas que são os líderes religiosos, os ideólogos dos partidos políticos, os pretensos sábios, doutos, e filósofos que infestam as cátedras escolares, os bancos acadêmicos, as redações e direções da grande mídia, e até mesmos pequenos eunucos que proliferam nas redes sociais deitando falação que nada mais são que um amontoado inqualificável de bobagens etéreas.

         Ele, o poeta Carlos Soares, é o cara desta quarta feira:
                            
                                          ASTUTO OUTONO
                                             Carlos Soares
                            O outono é uma grande tartaruga
                            que esqueceu o caminho de voltar:
                            estaca um pouco, um pouco o passo estuga,
                            tornando novamente a caminhar.
                            Seu grande casco para nós aluga,
                            nós que tanto gostamos de sonhar!
                            Porém, sem mais nem menos, põe-se em fuga,
                            ora voando, ora devagar...
                            Para enfeitar o seu trajeto eterno,
                            para agradar a seu irmão, o inverno,
                            soltando folhas amarelas vai,
                            e nós nem vemos lá de cima dela,
                            que cada folha pífia e amarela,
                            da nossa árvore da vida é que cai...

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