A nossa coluna QUARTA É DIA DE RF (acesse o blog www.literaturalimite.com.br) traz hoje a presença do poeta gaúcho Carlos Soares, que figura
na história da poesia do Rio Grande do Sul como umas das vozes mais importantes
pós geração do Quintana. Sua poética, como todo grande fazer poético,
concentra-se em alguns pouquíssimos temas, mas os mais relevantes, da natureza
humana, que são a própria essência da vida: a emoção, claro, e as investigações
filosóficas que fazemos a respeito da morte, da passagem do tempo, da
permanência ou não no indivíduo da lucidez ou da loucura, e assim por diante.
Lucidez e loucura no
seu sentido mais amplo e não apenas do ponto de vista médico-científico.
Lucidez e loucura que define a humanidade atualmente, muito mais do que estes
dogmas inventados pela reles política de direita e esquerda; lucidez e loucura como
esquemas comportamentais que afetam a moral e o comportamento individual e
expandem-se até o extremo dos comportamentos coletivos das massas, e dos
nefandos manipuladores destas mesmas massas que são os líderes religiosos, os
ideólogos dos partidos políticos, os pretensos sábios, doutos, e filósofos que
infestam as cátedras escolares, os bancos acadêmicos, as redações e direções da
grande mídia, e até mesmos pequenos eunucos que proliferam nas redes sociais
deitando falação que nada mais são que um amontoado inqualificável de bobagens etéreas.
Ele, o poeta Carlos
Soares, é o cara desta quarta feira:
ASTUTO
OUTONO
Carlos
Soares
O outono é uma
grande tartaruga
que esqueceu o
caminho de voltar:
estaca um pouco, um
pouco o passo estuga,
tornando novamente a
caminhar.
Seu
grande casco para nós aluga,
nós que tanto
gostamos de sonhar!
Porém, sem mais nem
menos, põe-se em fuga,
ora voando, ora
devagar...
Para enfeitar o seu
trajeto eterno,
para agradar a seu
irmão, o inverno,
soltando folhas
amarelas vai,
e nós nem vemos lá
de cima dela,
que cada folha pífia
e amarela,
da nossa árvore da
vida é que cai...
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