GOZADAS
DO FONTECA
Gato
por lebre
– Anrã! Olha, mãe, a
Jojo Todinha.
–
Não, meu filho, era Todynho, mas esta marca ela só usou quando não era famosa.
Agora não pode mais, virou estrela, e essa marca é de uma companhia
alimentícia.
– Mas tudo não dá leitinho...
– Sossega, menino, olha a mão nas
fuças!...
O problema não é esse. É a indigência
cultural em que jogaram o Brasil depois de mais de 30 anos de governos
esquerdistas, cumprindo uma agenda global de destruição dos valores cristãos,
sexualização infantil, defesa do aborto, da pedofilia e do incesto, e desvio do
nosso para encher as burras de governantes e sindicalistas. New-comunismo é
isso aí.
E tem outra: essa conversa da Jojo, a
Anitta, o Nego do Borel, a Pabla Vittar e outros se dizerem defensores e
representantes LGBTKU é história pra boi dormir. O que eles querem mesmo
dinheiro, grana, bufunfa, money, cascalho... Olhem o que encontrei num livrinho
de poesias, que publiquei em 1994, chamado VENENOS, no poema Para Todos:
“palavra é dólar
palavra custa
dinheiro
arte é só grana, só
isso”
Remate final: cada pessoa tem suas
qualidades e defeitos, virtudes e vícios. Agora dizer que Jojo Todinho é linda,
pelo amor de Deus!, no meu tempo de jovem lá no interior do Maranhão, a gente
dizia: é um tremendo tribufu. E o poeta Vinicius de Moraes repetia sempre, num
seu verso famoso: “as feias que me desculpem, mas a beleza é fundamental”.
Agora se ela for bela por dentro, salve ela!
XVXVXVX
Um
Moro incomoda muita gente? Um Moro e um Mourão incomodam muito mais...
Vamos lá. Falaram tudo o queriam sobre
a fala do general Mourão? Então deixa eu meter também minha colher nesse angu à
brasileira. A turma, aquela, conhecida e manjada, os tais militantes dos
movimentos sociais, subiu nas tamancas e, entre uma reboladinha e uma dedadinha,
disse que aquele discurso era racista e preconceituoso.
Após uma lavagem cerebral que lhe
danificou os neurônios esqueceu o que leu, ou talvez nunca tenha lido nada, a
tchurma, aquela.
Alguns explicaram que o general estava
citando o economista de direita Roberto Campos, Ministro da Economia no tempo
dos generais, na questão da nossa formação como raça, a gene mesmo que forjou o
nosso caráter individual de homem brasileiro e a nossa personalidade coletiva
de nação.
Vamos ler? O livro é de 1978, do
escritor Roberto DaMatta, e chama-se justamente CARNAVAIS, MALANDROS E HERÓIS,
com o subtítulo Para uma sociologia do dilema brasileiro., e é tão importante
quanto CASA GRANDE E SENZALA, do mestre Gilberto Freyre, do ponto de vista da
antropologia e da sociologia para entendimento desse “Macunaíma” brasileiro,
que somos todos nós..
Sim: a elite branca é chegada num
privilégio; o índio é um tanto indolente mesmo, e o negro faz macumba para se
livrar do mal e até para se casar com aquela negrinha linda e faceira.
Em algum momento histórico, quando esses
predicados destas três raças se tornam perniciosos devem ser combatidos e superados.
Foi isso o que o general disse e muitos aproveitadores fazem de conta que não
entenderam, ao passo que outros não entenderam mesmo e não entendem porra
nenhuma: são os filhotes de lula, e o pinto já sai do ovo com a pinta que o
galo tem.
A minha edição do Casa Grande e Senzala
tem 572 páginas. Muito, né? Pois a do professor Roberto DaMatta tem menos, só 352
páginas. Vocês precisam ler, inclusive
os jornalistas, para não saírem por aí falando besteira e pagando pau de
ignorantes ou, melhor, de malandros ignorantes.
Não esqueçam o “filósofo do povo”
Bezerra da Silva, que sabia mais que todos vocês juntos (jornalistas e
esquerdinhas): ‘Malandro é malando e Mané é Mané”. E acabei de descobrir, com
essa lenga-lenga da fala do General Mourão, que ele esqueceu de juntar, àquelas
três raças referidas, mais uma: a do malandro mané. E, por falar nisso, vão estudar, seus manés!
COISAS DA ANTIGA
CONVIDA: “SEM PÉ NEM CABEÇA”, A ANTOLOGIA
MAIS UNDERGROUND DA POESIA MARANHENSE
Tão subterrânea que quase ninguém
conhece, nem ouviu falar dela, muito menos leu. Os hippies, nos anos sessenta,
já haviam arrombado o portal coletivo da contracultura. E em São Luís, no
início dos anos setenta, publicara-se duas antologias (Antroponáutica e Hora de
Guarnicê) tentando o caminho da juventude do planeta rebelando-se contra o
stabilishment .
É bom não esquecer os marcos fundadores
desse novo momento da nossa história: maio de 68, ocupação de universidades e
fábricas por estudantes e operários em Paris, e o Festival de Woodstock, na
América, meio milhão de jovens onde se previa cinquenta mil, celebrando a vida,
o sexo livre, a droga e rock n`roll, o amor e flor, contra as guerras,
principalmente a do Vietnam.
Mas aqui em São Luís o papo era outro.
Nós, jovens poetas, músicos, artistas, queríamos apenar ocupar um espaço para
deixar rolar nossa criação, e afastar um pouco das páginas de cultura dos jornais
os menestréis do passado, com sua poesia e trova obsoletas.
Mesmo com a publicação das antologias,
aqui citadas, pelos órgãos públicos, a gente se sentia mais sendo usado para
glorificar figuras públicas, tanto que no caso da Hora Guarnicê nem pus os pés
no recinto dos autógrafos.
E aí, eu, Carlos Cesar Teixeira, este
grande amigo e artista completo, só faltou levitar, o resto ele fez: poesia,
música, pintura e o diabo a quatro; Cyro Falcão, jovem poeta com a
sensibilidade aguçada e voltada para a pesquisa do folclore maranhense; e os
irmãos Henrique e Rossini Corrêa, este último residindo em Brasília, e grande
figura das letras nacionais, resolvemos fazer uma antologia contra tudo e
todos, contra o sim e o não.
Livrinho de 20 páginas, em papel e
formato desses usadosa para a literatura nordestina de cordel., capa de papel
de embrulho. A capa, desenho do Cesar, eram urubus sobrevoando um vaso
sanitário e o nome SEM PÉ NEM CABEÇA. Acho que nem nosso nome constava na
capa. E este trabalho que apresento
neste e no próximo FOLHETIM DA SEMANA, na coluna Coisas da Antiga Convida:, e o
blog LITERATURA LIMITE você sabe e acessa em www.literatura
limite.blogspot.com.br
O livro não teve lançamento nem
divulgação nenhuma. Vendemos e demos os poucos exemplares que mandamos
imprimir, cuja edição ficou a cargo do editor e poeta Wilson Martins, lá na
antiga Gráfica São José, de propriedade da Arquidiocese de São Luís, que também
editava o Jornal do Maranhão, onde sempre teve um espaço reservado para a
cultura e as letras.
Woodstock 1969 |
Hoje vamos de Cyro Falcão e Cesar
Teixeira e na próxima semana os demais:
SEM PÉ NEM CABEÇA
Cyro
Falcão:
D`CLAMAÇÕES
Dobro
canto,
digo,
seu moço
prá que escute mais esta
Dessas coisas de segredo
Que, afinal, o mundão anda cheio:
Falo
é mesmo desta ilha que já foi chamada
afrancesada,
submissa e até encantada:
Primeiro
é uma ilha
Que
prá se chegá
é
preciso vencer o cêrco e ter o acerto.
É preciso ser homem, seu moço
pois é pior que armadilha.
Por isso é preciso entender
Que prá se conhecê
é preciso se prendê.
–
Quem tá inforcado no largo de Bequimão?
É
Bequimão?
Não.
É quem contá que ele disse:
pelo esse povo
morro inocente.
–
Quem tá lá na pedra da memória, moço?
São
as rosas de fofo que meia-noite,
de
um dia não marcado
rolam
dos canhões enferrujados
e
cegam os cegos, mil cegos que a ilha tem.
Alguém
já teve uma praça
onde
a mãe d`água vem banhá?
um
labirinto em forma de serpente
que
começa numa fonte
e
termina num altar?
É
até de se estranhar,
Tanta
coisa a ilha ter;
Tem
até uma brincadeira
de
um boi oco de fato;
Tomara
que sempre exista
um
negro prestoso de talento
pra
cair na armadilha
fingir
que tá dançando
encarnado,
amarelo, mulato
por
entre as fitas, penas, burros e buracos.
Sob
um couro bem negro
onde
as rapaziadas zelosas
bordam
do fundo do peito
as
mais belas manchas
do
bordado iluminado.
São negras trazidas
para o redor deste lugar
e os enfeites são sobrados,
telhados, um palmeira
que no sonho do indígena
brotou por cacho um poeta.
Os
sobrados no dizer do povo
São
troncos de arvoredos
cujos
galhos são os céus negros de tanta folha!
Os
azulejos são flores
E
as pedras, frutas caídas no chão.
As estrelas são urubus
ameaçando pousar logo
Pois está previsto que desta ilha
Sai o sinal do fim do mundo:
Quando
um urubu cumê folha
De
árvore verdadeiras ou não
pode
até ser folha de livro
Que
o poeta cismou sangrar,
É
o sinal das gordas varias
Que
todos venham logo rezar;
Nas
capelas dos passos, porém
Que
os prefeitos, não as mande fechar.
Seu moço desdobro o canto
já não sobra gosto não.
Essas ruas negras como estão
me meteu tristeza no peito.
prá mim é luto, é fome,
é dor, é desolação.
Os
urubus tão cumendo
lá
em cima, o seu manjá
e
com o sobejo deles
nossas
ruas vão pinchá.
Tando as folhas curcumidas
uma luz, outra vai brilhar
e o que será do poeta, da palmeira –
sua mãe?
Das frutas, das pedras do chão
Quando irão se encontrar?
Nas
pontas d`areia
Como
também no Bacanga
já
se nota um grande clarão
e
o povo se impressiona.
No chão a fruta apodrece, de vazio
e promissão; além disso, seu mocinho
Os filhos de Belzebu, tão correndo
prá encontrar
Ouro encravado no ar
Pois disseram que por ali
Em disparada passará
Os cortejos de Ana Jansen
Tudo embora desta terra
lá prá junto do Rei Bastião
Que também por causa disso
Foi pro fundo do oceão.
Carlos César Teixeira:
A MÃE MAL SUCEDIDA
a mama
encheu-se de leite
mas houve um erro na eternidade,
e todos voltaram mortos.
o nada mama.
AO PÉ DA LETRA
quando eu ia para escola
ou para o cemitério
minha mãe dizia:
– vai pela sombra!
e eu fui.
FILOSOFIA DA CACHAÇA
quantas vezes, de chumbo,
não caí por terra,
ó pesada cruz da alma!
já fui lobo, abelha, e couve-flor.
hoje sou Cesar, um calafrio
que passa pelo mundo
muita gente esperava
que eu fosse alguém na vida
e cultivasse doenças
mas eu não passo de um poeta,
e dos piores
A FARSA DOS LIVROS
abre-se a cortina do mundo
para a falsificação dos papéis
todos nós somos
o documentário de cada dia,
o pão roubado da alma
para exposição tola de um retrato
somos o dinheiro endividado
por não termos comprado o íntimo,
sobretudo pagando ao passado
O ANJO E O MORIBUNDO
o herói da primeira página
fecha-se a história do mundo
com essa mentira absurda
que todos acreditamos ler
não há dúvida
de que eu fui impresso na vida
o anjo da guarda
espreitava o pobre moribundo
cheio de contentamento
e esfregando as mãos
enfim libertar-se-ia
de um grande peso
mas o moribundo
custava a morrer
e o anjo cada vez mais
se impacientava
depois de um exausto tempo
o moribundo sussurrou:
– não quero morrer!
como se esperasse por isso
o anjo levantou-se categórico:
– ora, deixe de academismo!,
e deu uma paulada no morto
O COMEÇO E O FIM
o mundo ficou oco
com o meu nascimento
agora eu tenho uma vida
para encher de vazio
o meu túmulo
agora eu tenho uma vida
para procurar no vazio
a divindade mais oposta
para que um dia
comece a rezar todo torto,
entre escombros,
a intenção da minha alma.
pela terra deixarei meu rastro,
um
traço, uma marca,
para que todos saibam
que alguém esteve só.
que o céu cumpra
a obrigação das almas,
ó doce contemplação do fim!
A MAIS CÉLEBRE CAGADA
caímos na terra
como cai a fruta ensinada
que deixa o sabor da alma
para o necrotério do nada
e ali ficamos na sombra
sem que a mão de Eva nos colha
até que o nosso ausente pé se
atole
na obra do Senhor
então seremos lama
sem úlcera que nos distraia
sem mama que nos deleite
onde nenhuma porca se deita
enquanto nos abismamos
o mundo limpa a bunda
com a palavra de Deus
Texto final:
Raimundo
Fontenele
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