3 de ago. de 2018

FOLHETIM DA SEMANA



            E aqui estamos, amigos e amigas, iniciando uma nova coluna, o FOLHETIM DA SEMANA, no nosso blog LITERATURA LIMITE (acesse-o no link www.literaturalimite.blogspot.com.br). Em plena pré-campanha presidencial, nada mais oportuno do que trazermos para inaugurar a sessão Coisas da Antiga o saudoso jornalista e escritor Sergio Porto e sua criatura Stanislaw Ponte Preta. Humorista que fustigou a nossa política com seus livros FEBEAPÁ, ou seja, Festival de Besteira que Assola o País. O país é o mesmo e os políticos pioraram, portanto, sendo o mesmo o país também piorou. E abrindo os trabalhos desta sexta feira, aqui estou eu e as Gozadas do Fonteca, notas miúdas sobre fatos grandiosos e estarrecedores desta pátria, pelas mãos do seus três poderes, tornada indigna, vil e rastejante.

GOZADAS DO FONTECA

O Lula já se comparou a Jesus, Moisés (separou as águas do S. Francisco), Juscelino, Deus, Getúlio e agora a Dom Pedro criando o Dia do Volto. Se é para homenagear Dom Pedro deixa mesmo Dia do Fico e FICA na Cadeia, ó palhaço (com o perdão dos senhores profissionais do riso). Agora, a quem ele representa de verdade que é o Capeta ele não quer se comparar. Xô! Vade retro, Satanás!
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A Márcia Tiburi, a cabeça doidona e pensante do PT (doido pensa?) quer um país como ela (será que eu como?): DOIDÃO. Onde todos, enquanto se drogam, liberam a rabiola, com pão e sem trabalho, nus com a mão no bolso, sem propriedade privada e sem privada propriamente dita. Arre égua, seu menino, Pra pensar assim, só pode ser maconha misturada com bosta seca, e de vaca…
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E o cinema brasileiro, hein? Um morto vivo. Ou são as produções globais, com atores e diretores globais, um besteirol abaixo da crítica. Ou então filmes de estreantes, parece os anos sessenta, tipo papo cabeça, e muita sapataria e viadagem. Prefiro os filmes do Mazzaropi e as pornochanchadas de filosofia zen como Oh Rebuceteio!, Coisas Eróticas, e por aí vai. Kkkkk

COISAS DA ANTIGA CONVIDA: STANISLAW PONTE PRETA


Sérgio Porto criou Stanislaw Ponte Preta quando escrevia para o Diário Carioca, em 1951. Mas, foi em 1955, no jornal Última Hora, de Samuel Wainer, que segundo o amigo Paulo Mendes Campos, “ficou famoso de um mês para o outro”. No jornal de Wainer, Porto criou uma galeria de personagens: Tia Zulmira, Primo Altamarindo, Rosamundo, o superdistraído, entre outros.
Sérgio Porto, em entrevista ao Pasquim, explica sua relação ‘esquizofrênica’ com Stanislaw:
“De fato, Stanislaw foi criado junto comigo e, praticamente, é meu irmão de criação. Moramos na mesma casa, tivemos a mesma infância e muitas vezes comemos do mesmo prato. Hoje, no entanto, embora vivendo ambos do jornalismo, já não somos ligados; raramente nos vemos, poucos são os nossos gostos comuns e acredito que seria uma temeridade da minha parte se continuasse companheiro fraterno do irrequieto autor”.
O também cronista Paulo Mendes desvenda Tia Zulmira e Primo Altamirando (vale a pena ler o texto em que Paulo relembra o amigo no blog do Instituto Moreira Salles):
Tia Zulmira é uma dessas criaturas que acontecem: saiu de Vila Isabel, onde nasceu, por não achar nada bonito o monumento a Noel Rosa. Passou anos e anos em Paris, dividindo quase o seu tempo entre o Follies Bergère, onde era vedete, e a Sorbonne, onde era um crânio. Casou-se várias vezes, deslumbrou a Europa, foi correspondente do Times na Jamaica, colaborou com Madame Curie, brigou nos áureos tempos com Darwin, por causa de um macaco, ensinou dança a Nijinski, relatividade a Einstein, psicanálise a Freud, automobilismo ao argentino Fangio, tourear a Dominguín, cinema a Chaplin, e deu algumas dicas para o doutor Salk. Vivia, já velha mas sempre sapiente, num casarão da Boca do Mato, fazendo pastéis que um sobrinho vendia na estação do Méier. Não tinha papas na língua e, entre muitas outras coisas, detestava mulher gorda em garupa de lambreta.
Primo Altamirando também ficou logo famoso em todo o Brasil. O nefando nasceu num ano tão diferente que nele o São Cristóvão foi campeão carioca (1926). Ainda de fraldas praticou todas as maldades que as crianças costumam fazer dos 10 aos 15 anos, como, por exemplo, botar o canarinho belga no liquidificador: foi expulso da escola primária ao ser apanhado falando muito mal de São Francisco de Assis. Pioneiro de plantação de maconha do Rio. Vivendo do dinheiro de algumas velhotas, inimigo de todos os códigos, considerava-se um homem realizado. E, ao saber de pesquisas no campo da fecundação em laboratório, dizia: “Por mais eficaz que seja o método novo de fazer criança, a turma jamais abandonará o antigo.”
 A culpa do Pasquim é toda do Stanislaw
O cartunista Jaguar, que ilustrou as crônicas de Stanislaw Ponte Preta, conta como Sérgio Porto inspirou a criação do Pasquim:
 “o embrião do Pasquim  foi gerado em setembro de 1968, no dia em que morreu Sérgio Porto, sobejamente conhecido como Stanislaw Ponte Preta. Ele era responsável pela Carapuça, tabloide semanal de humor. Na verdade, o jornaleco poderia continuar indo para as bancas. O autor dos textos, de cabo a rabo, era Alberto Eça, que conseguia fazer uma imitação razoável do jeito de escrever do fero cronista. O pessoal do ramo sabia que o estilo de Stan era inimitável, mas dava para engabelar a plebe ignara… Mas como explicar aos leitores?… Tarso [de Castro] encontrou-se comigo no Jangadeiros [bar carioca] e quis saber minha opinião. “Melhor fechar e abrir outro jornal”, sugeri” (fonte livro O melhor do Pasquim, volume 1, editora Desiderata, 2006).
Sérgio Porto também foi compositor do Samba do Crioulo Doido. Escute a música com a Escola de Samba Unidos de Padre Miguel.
O romance de Sérgio Porto, As Cariocas (1967), virou filme pelas mãos de três diretores: Fernando de Barros, Walter Hugo Khouri e Roberto Santos.
Eis aqui alguns textos jornalísticos do imortal Sergio Porto: 

 “Foi então que estreou no Teatro Municipal de São Paulo a peça clássica Electra, tendo comparecido ao local alguns agentes do DOPS para prender Sófocles, autor da peça e acusado de subversão, mas já falecido em 406 A.C..”
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“E quando a gente pensava que tinha diminuído o número de deputados cocorocas, aparecia o parlamentar Tufic Nassif com um projeto instituindo a escritura pública para venda de automóveis. Na ocasião, enviamos os nossos sinceros parabéns ao esclarecido deputado, com a sugestão de que aproveitasse o embalo e instituísse também um projeto sugerindo a lei do inquilinato para aluguel de táxis.”
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“Em Belém do Pará um vereador era o precursor dessa bobagem de proibir mulher em anúncio publicitário. É verdade que o Prefeito Faria Lima, de São Paulo, foi mais bacaninha ainda, porque iria – mais tarde – proibir mulher e propor que ‘figuras da nossa História ilustrem os anúncios’, isto é Rui Barbosa vendendo sabão em pó, Tiradentes fazendo anúncio de lâmina de barbear, etc..”
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(Um outro vereador de Belém protestou) “O mal não reside nas figuras femininas, mas no coração de quem vê nelas o lado imoral. Eu, por exemplo, seria capaz de olhar a foto de minha mãe nua e não sentir a menor reação”. O nome desse vereador que respeita o chamado amor filial: Álvaro de Freitas, ao qual aproveitamos o ensejo para enviar nossos parabéns.”)
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“E o Secretário de Turismo da Guanabara, Sr. Rio Branco, mudava a ornamentação para o Carnaval, na Avenida Rio Branco, por outra mais leve, e saía-se com esta: “Deus me livre acontecer um acidente na Avenida do Vovô.”
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“A minissaia era lançada no Rio e execrada em Belo Horizonte, onde o Delegado de Costumes (inclusive costumes femininos), declarava aos jornais que prenderia o costureiro francês Pierre Cardin (bicharoca parisiense responsável pelo referido lançamento), caso aparecesse na capital mineira ‘para dar espetáculos obscenos, com seus vestidos decotados e saias curtas’. (…) Toda essa cocorocada iria influenciar  um deputado estadual de lá, Lourival Pereira da Silva – que fez um discurso na Câmara sobre o tema ‘NINGUÉM LEVANTARÁ A SAIA DA MULHER MINEIRA.’” 

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