22 de set. de 2018

FOLHETIM DA SEMANA

O FOLHETIM DA SEMANA do nosso blog LITERATURA LIMITE (que você acessa no link www.literaturalimite.blogspot.com.br) traz nesta edição a colaboração de LOURENÇA LOU, uma das poetas mais promissoras, apenas no sentido de que se aguarda outros trabalhos, da nossa literatura. Mas pelo que já fez, com dois ou três livros publicados, já se firmou nas letras nacionais como uma voz poética absoluta, sozinha na sua originalidade de expor-se sem revelar-se, que é isso que a poesia é: um livro aberto, mas que só poucos conseguirão ler nas entrelinhas.
         Como todos os que conhecem seu verdadeiro valor não precisa, como fazem os medíocres, de um calhamaço de informações biográficas, isto porque sua poesia dispensa tudo o que não é essência.
         Assim, ao lhe pedir umas notas biográficas elas nos mandou isto aqui:
Formada em Letras, com pós-graduação em administração escolar. Atualmente é Revisora de Textos, poeta e escritora. Tem dois livros de poesia publicados e em novembro lançará o terceiro, todos pela Editora Penalux. Participou de várias coletâneas de poesia, contos e crônicas. Muito sucinta mesmo.
             É mineira, das terras vermelhas de Drummond. Formada em Letras, publicou dois livros de poesia, participou de inúmeras coletâneas de poesia e de contos, revistas literárias, sites de crônicas e suplementos literários de jornais. Escreve porque esta é sua forma de dar vida aos seus silêncios. E seus dois livros publicados são Equilibrista e Pontiaguda.
         Com vocês a ótima poeta mineira LOURENÇA LOU.
Lourença Lou
à beira

não sei quanto tempo temos 
para entender nossas preces 
queimar nossas máscaras
chorar nossas inércias 
respeitar nossas mais íntimas loucuras

não sei quanto tempo temos 
para descobrir
uns nos outros
a matéria de que somos feitos

talvez o que nos falte
é a certeza
de que estamos
sempre à beira de ser
e sem tempo para querer
olhar o outro como a nós mesmos.


nada muda

na essência nada muda
não muda o dente siso
a noite que se finge dia
o outono que se desenha folhas
a bala perdida na carne
o brilho nonsense do punhal
os corvos nos umbrais de brasília

nada muda por aqui
não muda este imenso fascínio
que a morte exerce em nós
nem a essência deste final
o grande e permanente medo
de perdermos este chão
que um dia irá enterrar
o engano de sermos humanos.

caminhares

estes caminhos por onde ando
tão antigos
tão instáveis
às vezes tão doloridos
não sabem
quanto bem fazem
aos sonhos dos meus pés

carrego-me
sem bornais de culpas
talvez algum arrependimento
e uma indisfarçável admiração
pelas minhas escolhas
: vieram destes caminhos
minhas melhores construções

veio também
esta estranha força
em que me agarro
para trilhar
as nascentes dos dias
e equilibrar os malabares
que insistem em armar
um circo em meu coração.


Eróticos:
 amor natural

era um amor de língua
e fogo
beirava a indecências
cuspíamos na inveja
dos santos de pau oco

amor de pernas
de umidades
falo e fato consumado
consumido
no chão na cama em qualquer canto

amor não escolhido
nascido das carícias
colhido nos orgasmos
do prazer e da dádiva

era natural
aquele amor 
de corpos e apetites enfurecidos.


ponto cego

quero-me rainha em teu corpo

nua de reverências
à revelia
das circunstâncias

apenas ter o delírio de teu cetro.

baby
talvez eu não te ame
talvez eu ame amar
o amor que me trazes
a profundeza
do teu rasgar o peito
este tirar a roupa
para ser brilho
em meu desejo

baby
te amar tira a beleza
da tristeza que te colore

mas amo amar
tua adoração de beata
beijando pés de barro
tua voz de falsete
molhada na emoção
de ser fonte que desprezo
e onde sacio
a sede dos delírios

baby
te amo expectativa
aos pés da minha cama.


                                               
Texto final:

Raimundo Fontenele

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