O
FOLHETIM DA SEMANA do nosso blog LITERATURA LIMITE (que você acessa no link www.literaturalimite.blogspot.com.br)
traz nesta edição a colaboração de LOURENÇA LOU, uma das poetas mais
promissoras, apenas no sentido de que se aguarda outros trabalhos, da nossa
literatura. Mas pelo que já fez, com dois ou três livros publicados, já se
firmou nas letras nacionais como uma voz poética absoluta, sozinha na sua
originalidade de expor-se sem revelar-se, que é isso que a poesia é: um livro
aberto, mas que só poucos conseguirão ler nas entrelinhas.
Como todos os que conhecem seu
verdadeiro valor não precisa, como fazem os medíocres, de um calhamaço de
informações biográficas, isto porque sua poesia dispensa tudo o que não é
essência.
Assim, ao lhe pedir umas notas
biográficas elas nos mandou isto aqui:
Formada em Letras, com pós-graduação em administração escolar.
Atualmente é Revisora de Textos, poeta e escritora. Tem dois livros de poesia
publicados e em novembro lançará o terceiro, todos pela Editora Penalux.
Participou de várias coletâneas de poesia, contos e crônicas. Muito sucinta
mesmo.
É
mineira, das terras vermelhas de Drummond. Formada em Letras, publicou dois
livros de poesia, participou de inúmeras coletâneas de poesia e de contos,
revistas literárias, sites de crônicas e suplementos literários de jornais.
Escreve porque esta é sua forma de dar vida aos seus silêncios. E seus
dois livros publicados são Equilibrista e Pontiaguda.
Com vocês a
ótima poeta mineira LOURENÇA LOU.
Lourença Lou |
à beira
não
sei quanto tempo temos
para entender nossas preces
queimar nossas máscaras
chorar nossas inércias
respeitar nossas mais íntimas loucuras
para entender nossas preces
queimar nossas máscaras
chorar nossas inércias
respeitar nossas mais íntimas loucuras
não
sei quanto tempo temos
para descobrir
uns nos outros
a matéria de que somos feitos
para descobrir
uns nos outros
a matéria de que somos feitos
talvez
o que nos falte
é
a certeza
de
que estamos
sempre
à beira de ser
e
sem tempo para querer
olhar
o outro como a nós mesmos.
nada muda
na essência nada muda
não muda o dente siso
a noite que se finge dia
o outono que se desenha folhas
a bala perdida na carne
o brilho nonsense do punhal
os corvos nos umbrais de brasília
nada muda por aqui
não muda este imenso fascínio
que a morte exerce em nós
nem a essência deste final
o grande e permanente medo
de perdermos este chão
que um dia irá enterrar
o engano de sermos humanos.
na essência nada muda
não muda o dente siso
a noite que se finge dia
o outono que se desenha folhas
a bala perdida na carne
o brilho nonsense do punhal
os corvos nos umbrais de brasília
nada muda por aqui
não muda este imenso fascínio
que a morte exerce em nós
nem a essência deste final
o grande e permanente medo
de perdermos este chão
que um dia irá enterrar
o engano de sermos humanos.
caminhares
estes
caminhos por onde ando
tão
antigos
tão
instáveis
às
vezes tão doloridos
não
sabem
quanto
bem fazem
aos
sonhos dos meus pés
carrego-me
sem
bornais de culpas
talvez
algum arrependimento
e
uma indisfarçável admiração
pelas
minhas escolhas
:
vieram destes caminhos
minhas
melhores construções
veio
também
esta
estranha força
em
que me agarro
para
trilhar
as
nascentes dos dias
e
equilibrar os malabares
que
insistem em armar
um
circo em meu coração.
Eróticos:
amor natural
era um amor de língua
e fogo
beirava a indecências
cuspíamos na inveja
dos santos de pau oco
amor de pernas
de umidades
falo e fato consumado
consumido
no chão na cama em qualquer canto
amor não escolhido
nascido das carícias
colhido nos orgasmos
do prazer e da dádiva
era natural
aquele amor
de corpos e apetites enfurecidos.
ponto cego
quero-me
rainha em teu corpo
nua
de reverências
à revelia
das circunstâncias
à revelia
das circunstâncias
apenas
ter o delírio de teu cetro.
baby
talvez eu não te ame
talvez eu ame amar
o amor que me trazes
a profundeza
do teu rasgar o peito
este tirar a roupa
para ser brilho
em meu desejo
baby
te amar tira a beleza
da tristeza que te colore
mas amo amar
tua adoração de beata
beijando pés de barro
tua voz de falsete
molhada na emoção
de ser fonte que desprezo
e onde sacio
a sede dos delírios
baby
te amo expectativa
aos pés da minha cama.
Texto
final:
Raimundo
Fontenele
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