Desde o início o Brasil se mostrou uma nação suscetível a
movimentos heroicos. A imagem de um ser especial, um ungido, um escolhido, dotado de poderes
para resolver qualquer problema está no inconsciente coletivo de várias
gerações de brasileiros. Na região nordeste até hoje permeia o imaginário
de diversas localidades o arquétipo de um herói encantado sobre a figura de Dom
Sebastião, que foi Rei de Portugal e Algarves, morto em 04 de Agosto de 1578 na
batalha de Alcácer-Quibir. Acontece que localidades espalhadas pelo Maranhão,
Ceará e Pernambuco para citar algumas, acreditam que D. Sebastião não teria morrido,
mas se encantado nas águas do Marrocos. Ele D. Sebastião estaria aguardando o
momento de retomar seu reinado que desta vez seria exatamente no nordeste
brasileiro, essa é a origem do mito do Sebastianismo, que possui presença forte
e marcante no imaginário nordestino.
No âmbito da história política do Brasil, temos D. Pedro I o
grande avalista do território nacional, a figura de Princesa Isabel na
tentativa de inclusão dos negros na sociedade brasileira pela primeira vez, e
com o passar dos anos passamos a nos acostumar com essa espécie de escolha a
cada período desse herói do momento, revertido de poderes sobre os demais alguém
que de uma vez por todas iria colocar os rumos do país nos trilhos do
progresso. Vimos o aparecimento de Getúlio Vargas o grande nacionalista que
flertou com o autoritarismo, porém foi o primeiro a sinalizar avanços na área
social. Logo depois Juscelino Kubitscheck tido por muitos como o maior progressista
de todos os presidentes, o homem por detrás da construção de Brasília, o
primeiro a pensar um país com olhos no futuro. Por último em meio ainda a fuzis
e toda uma onda repressiva no Brasil, no início dos anos 80 Tancredo Neves, político
de carreira advindo das Minas Gerais representava com seu alto grau de
aprovação, aquele que iria colocar para frente a Ordem e o Progresso, máxima de
um de nossos símbolos a bandeira nacional. Por último Luís Inácio Lula da Silva,
de família bastante humilde advinda dos bolsões de miséria do sertão nordestino.
Tendo surgido em meados dos anos 70 como grande nome da resistência sindicalista
frente a truculência exacerbada do governo militar, um dos pais do PT, o grande
nome da sigla e principal liderança de uma esquerda aguerrida por anos e anos,
um dos quadros mais perseverantes da política brasileira que perdeu três eleições
consecutivas para presidência da república, chegando a presidência em 2002 e
conseguindo durante duas eleições estar no poder. Sobre Lula recaia réstias de
esperança advinda de todos citados a cima antes dele, em suas duas legislaturas
o país passou por um período de pseudos avanços econômicos e sociais, chegando
a ser ovacionado em terras estrangeiras como um dos grandes líderes políticos do
seu tempo, para se encontrar hoje encarcerado numa cela da polícia federal
condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, depois de uma grande
investigação da Operação Lava-Jato, uma das maiores operações contra corrupção
da história.
Chegando agora com a comitiva da história e aportando nos
dias atuais, estamos vivendo no Brasil, um período bastante sui generis quando
o assunto é política. Depois do tsunami causado pela Operação Lava-Jato foi nos
dado a possibilidade de assistir mega empresários e políticos serem presos a
luz do dia, por detrás dos processos que levaram as prisões, bilhões de reais desviados
da saúde, infraestrutura, educação e etc.
Em meados de 2013 depois da tomada das ruas pelo povo, pela
primeira vez começamos a ouvir falar em âmbito nacional de uma figura um tanto
quanto nova no cenário político do Brasil.
Jair Bolsonaro, Deputado Federal por cinco legislaturas pelo Rio de
Janeiro, capitão da reserva do exército brasileiro. Detentor de um discurso objetivo
e conciso sobre agendas urgentes como segurança, educação, saúde e economia, o
candidato iniciou uma caminhada por todo o Brasil há três anos atrás, e por
conta de um discurso firme e muitas vezes tido como autoritário veio amealhando
seguidores e simpatizantes por todo o território brasileiro. Jair Bolsonaro se
difere muito pouco de figuras que tinham em sua personalidade e retórica
bastante semelhanças com seus posicionamentos, podemos citar rapidamente Enéas
que chegou a obter ótimas votações em pleitos presidenciais do passado. Recai
sobre o candidato Jair Bolsonaro uma áurea de escolhido novamente é bem verdade,
mas aqui precisamos tomar certo cuidado e guardar muito bem as devidas
proporções com o passado. Nunca na história dessa nação quadro algum da política
nacional surgiu e alcançou um alto patamar de expectativa tão grande por parte
da opinião pública. Quando falamos
anteriormente de Getúlio, Juscelino, Tancredo e Lula, percebam que esses possuíam
longa estrada quando o assunto é conhecimento por parte da opinião pública. Pode-se
vaticinar que o candidato é resultado de uma excelente exposição nas mídias sociais,
mas é bem verdade que as mídias sociais já estão aí há cerca de duas, três
eleições. Pode-se novamente tentar explicar que Jair Bolsonaro é resultado de
um profundo descontentamento do povo brasileiro com uma esquerda carcomida
enlameada de corrupção tendo seu maior líder encarcerado na República de
Curitiba, mas vejamos bem partidos de uma esquerda ultra-radical como PSTU,
PCO, PC do B e outros coexistem no mesmo espaço e tempo do candidato Jair
Bolsonaro e em momento algum vimos nenhum quadro advindo desses surgindo como
grande redentor das grandes mazelas da política nacional. Jair Bolsonaro
carrega consigo a espada do moralismo político, do civilismo, da figura de deus
acima de todos, e através desse discurso firme e irreversível trouxe junto de
sim a maior parte da parcela do eleitorado brasileiro, nunca um candidato
obteve tantos votos num primeiro turno de uma eleição, ainda que fosse um político
que já tivesse passado por outras eleições a presidência, mas não é o seu caso.
Tido por seus seguidores como Mito, Jair Bolsonaro não nos resta dúvidas hoje é
um fenômeno pop, semelhante a grandes nomes da Cultura Pop mundial. Não podemos
esquecer que figuras históricas da humanidade como o Papa João Paulo II e John
Lennon sofreram atentados e Jair Bolsonaro se recupera milagrosamente de um. Como
testemunhas que somos do nosso tempo cabe a nós observarmos com calma e com
grande esperança no coração, que essa estrela não passe e se dissipe
rapidamente aos nossos olhos, mas que possamos ver a verdade por detrás do seu
brilho durante bastante tempo sobre o céu azul anil do Brasil.
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